Segundo um comunicado da Audiência Nacional espanhola, o caso foi reaberto na sequência de um pedido de colaboração por parte da justiça francesa, através da emissão de uma Decisão Europeia de Investigação (DEI).
Esse pedido inclui dados relativos a uma investigação de 2021 relacionada com "múltiplas infeções [com o Pegasus] de telefones de jornalistas, advogados, personalidades públicas e associações governamentais e não governamentais, assim como membros do governo francês, ministros e deputados", lê-se no comunicado.
O juiz que em Espanha tutela o caso considera que as informações fornecidas por França podem "permitir avançar nas investigações" e vai avançar com novas diligências.
"Tudo isso permitirá uma atuação conjunta e coordenada das autoridades judiciais francesas e espanholas com vista a determinar a autoria da infeção levada a cabo através do programa de espionagem Pegasus tanto em França como em Espanha", determinou o juiz, citado no comunicado divulgado hoje.
O programa Pegasus, desenvolvido e comercializado pela empresa israelita NSO, já foi usado para espionagem de mais de mil pessoas em 50 países, incluindo ativistas e jornalistas, de acordo com peritos da área da segurança e uma investigação jornalística de meios de comunicação social de vários países de 2021.
Em França, o Presidente do país, Emmanuel Macron, e vários ministros foram espiados com o Pegasus.
Em Espanha, o Governo revelou em maio de 2022 que o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, a ministra da Defesa, Margarita Robles, o ministro da Administração Interna, Fernando Grande-Marlaska, e o ministro da Agricultura, Luis Planas, tinham sido espiados pelo mesmo 'software', num "ataque externo" cujo perpetrador permanece desconhecido.
A justiça espanhola investigou quase durante um ano este caso, antes de determinar o arquivamento pela falta de cooperação de Israel.
Segundo o comunicado de hoje, as autoridades francesas pediram informações à empresa NSO e dirigiram pedidos de cooperação judicial a Israel e aos Estados Unidos.
Além do caso que envolve os membros do Governo, há um outro em Espanha, ainda em investigação, relacionado com separatistas catalães espiados com o Pegasus.
A espionagem de 18 políticos catalães independentistas, com autorização judicial, foi confirmada pela anterior chefe dos serviços secretos espanhóis, Paz Esteban, demitida do cargo pelo Governo em 2022.
Em dezembro, o parlamento espanhol aprovou a constituição de uma comissão de inquérito sobre a espionagem com o Pegasus, fruto dos acordos dos socialistas com partidos independentistas para a viabilização do último Governo de Pedro Sánchez.
Leia Também: Plataforma do Conselho da Europa pede fim de uso do 'spyware' Pegasus