Rádios BBC e Voice of America suspensas por duas semanas no Burkina Faso

As rádios BBC e Voice of America (VOA) foram suspensas durante duas semanas no Burkina Faso por divulgarem um relatório da Human Rights Watch (HRW) que acusa o exército de "abusos" contra civis, anunciaram hoje as autoridades locais.

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Lusa
26/04/2024 09:12 ‧ 26/04/2024 por Lusa

Mundo

Burkina Faso

O Conselho Superior de Comunicação (CSC) do Burkina Faso "decidiu suspender os programas das duas rádios internacionais (a britânica BBC e a norte-americana VOA), que emitem em Ouagadougou, por um período de duas semanas", segundo um comunicado de imprensa da entidade reguladora.

O CSC justificou esta decisão pela "divulgação de um artigo a acusar o exército do Burkina Faso de abusos contra populações civis, na quinta-feira, nas rádios e nas plataformas digitais da BBC-Afrique e da VOA".

A entidade afirmou ter "detetado no conteúdo do referido artigo declarações categóricas e tendenciosas contra o exército do Brukina Faso sem provas tangíveis, especialmente porque o mesmo artigo apela a uma investigação independente".

No seu relatório publicado na quinta-feira, a organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch acusou o exército do Burkina Faso, que luta contra grupos 'jihadistas' armados, de ter "executado pelo menos 223 civis", incluindo pelo menos 56 crianças, durante dois ataques no norte do país.

As autoridades do Burkina Faso, contactadas pela AFP, não reagiram a estas acusações realizadas pela organização não-governamental.

O CSC indicou ainda que "ordenou" aos fornecedores de serviços de internet "que suspendessem" o acesso aos portais e "outras plataformas digitais da BBC, VOA e da ONG no território" do Burkina Faso.

A entidade reguladora considerou que a "abordagem" da BBC e da VOA "mina os princípios fundamentais do processamento de informação, na medida que constitui desinformação suscetível de trazer descrédito ao exército" e "é, além disso, suscetível de criar perturbações na ordem pública".

A autoridade de comunicação convidou "todos os meios de comunicação social a absterem-se de divulgar, através dos seus diversos meios de comunicação, [o] artigo tendencioso (...) de natureza subversiva", lembrando que "qualquer infrator está exposto às sanções previstas nos textos em vigor".

O Burkina Faso, liderado por militares devido a golpes de Estado em 2022, já suspendeu temporariamente ou indefinidamente a transmissão de vários canais de televisão ou rádio e expulsou correspondentes estrangeiros.

Leia Também: Eslováquia aprova encerramento dos canais públicos de rádio e televisão

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