Flotilha da Liberdade acusa Bissau de impedir que a ajuda chegue a Gaza

A coligação Flotilha da Liberdade, que pretende levar navios com 5.550 toneladas de ajuda humanitária a Gaza, acusou hoje as autoridades da Guiné-Bissau de retirar a bandeira a dois navios, após uma inspeção, impedindo-os de navegar.

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© Ahmad Hasaballah/Getty Images

Lusa
27/04/2024 16:39 ‧ 27/04/2024 por Lusa

Mundo

Guiné-Bissau

Em comunicado, a organização disse que foi contactada, na quinta-feira à tarde, pelo Registo Internacional de Navios da Guiné-Bissau a solicitar uma inspeção ao navio líder da flotilha.

"Tratou-se de um pedido muito invulgar, uma vez que o nosso navio já tinha passado todas as inspeções exigidas. No entanto, concordámos", lê-se na nota da coligação.

Na sexta-feira à tarde, prossegue o comunicado, "antes de a inspeção estar concluída, o Registo Internacional de Navios da Guiné-Bissau (GBISR), numa atitude manifestamente política, informou a Coligação da Flotilha da Liberdade de que tinha retirado a bandeira da Guiné-Bissau a dois dos navios da Flotilha da Liberdade", um dos quais é o cargueiro carregado com mais de 5.000 toneladas de "ajuda vital" para os palestinianos de Gaza.

"Sem uma bandeira não podemos navegar. Mas isto não é o fim. Israel não pode e não vai esmagar a nossa determinação de romper o seu cerco ilegal e chegar ao povo de Gaza. O povo de Gaza e de toda a Palestina permanece firme sob as condições mais horríveis e inimagináveis. Retiramos força da sua incrível e inexplicável capacidade de manter a sua humanidade, dignidade e esperança quando o mundo não lhes deu qualquer razão para o fazer", afirma a coligação.

A Flotilha da Liberdade acusa a GBISR de fazer "vários pedidos extraordinários de informação, incluindo a confirmação do destino dos navios, eventuais escalas adicionais, o porto de descarga da ajuda humanitária e as datas e horas previstas de chegada".

"Trata-se, mais uma vez, de uma atitude muito invulgar por parte de uma autoridade de registo. Normalmente, as autoridades nacionais de registo preocupam-se apenas com as normas de segurança e afins dos navios que ostentam a sua bandeira, não se preocupando com o destino, a rota, os manifestos de carga ou a natureza de uma viagem específica".

E acusa: "Infelizmente, a Guiné-Bissau permitiu-se ser cúmplice da fome deliberada de Israel, do cerco ilegal e do genocídio dos palestinianos em Gaza".

Na sexta-feira, relatores das Nações Unidas pediram hoje a passagem em segurança da "Flotilha da Liberdade", permitindo que atraque no enclave palestiniano.

"A 'Flotilha da Liberdade' tem o direito de livre passagem em águas internacionais e Israel não deve interferir com a sua liberdade de navegação, há muito reconhecida pelo Direito internacional. À medida que a 'Flotilha da Liberdade' se aproxima das águas territoriais palestinianas ao largo de Gaza, é essencial que Israel respeite o Direito internacional, incluindo as recentes ordens do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) para garantir o acesso sem entraves à ajuda humanitária", sublinham, numa declaração.

Os peritos afirmam-se " particularmente preocupados com a segurança dos participantes", tendo em conta "os repetidos ataques de Israel contra missões humanitárias da ONU e civis".

Leia Também: Governo de Gaza avisa que já não consegue analisar ou tratar água potável

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