O anúncio foi feito pelo Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, numa conferência de imprensa em Caracas na qual atualizou as investigações de corrupção no país.
Segundo o Procurador, entre os envolvidos no esquema de corrupção estão os políticos opositores Júlio Borges, Leopoldo López e Carlos Vecchio [que a imprensa local diz estarem exilados na Colômbia, Espanha e nos EUA, respetivamente] e Carlos Ocariz.
Tarek William Saab acusou o ex-ministro do petróleo Tareck el Aissami de ser o chefe da rede de corrupção, chamando-o de conspirador, mafioso e traidor da pátria e de utilizar o empresário Samark López, já detido, de enlace com os políticos opositores, para segundo instruções de altos funcionários dos EUA, forçarem a saída do Presidente Nicolás Maduro.
"Planificaram dissolver o Estado por qualquer via antidemocrática, impor e continuar com as sanções (dos EUA e da Europa) que tantos danos fizeram ao humilde trabalhador e a empresas", disse.
Para Tarek William Saab, o objetivo era fazer implodir a economia, destruir o bolívar (a moeda venezuelana), "pressionando à alta o valor do dólar paralelo" e "fazer fracassar as políticas económicas" do Governo venezuelano.
"Não era apenas corrupção moral, mental, mas política, ideológica, o que os levou a aliarem-se com os piores inimigos da pátria".
Segundo o Procurador-geral da Venezuela as investigações de corrupção na empresa estatal Petróleos da Venezuela SA (PDVSA) e na Superintendência de Criptoativos (Sunacri) levaram à detenção de 66 pessoas.
Em 9 de abril, as autoridades venezuelanas anunciaram a detenção de dois antigos ministros suspeitos de corrupção e envolvimento num esquema com criptomoedas no setor petrolífero, concretamente Tareck El Aissami e Simón Alejandro Zerpa, ex-ministro das Finanças e ex-presidente do Fundo de Desenvolvimento Nacional (Fonden).
Segundo o Procurador-geral, El Aissami, o empresário Samark López e Zerpa vão ser acusados de vários crimes, incluindo traição à pátria, apropriação indevida de bens públicos e associação criminosa.
O Procurador-geral afirmou que os detidos realizaram operações ilegais, atribuíram carregamentos de petróleo, sem controlo administrativo nem garantias, em violação das normas contratuais da empresa estatal, e por isso não foram efetuados os pagamentos correspondentes à petrolífera estatal.
Em 17 de março de 2023, a Polícia Nacional Anticorrupção (PNAC) da Venezuela pediu ao Ministério Público a emissão de 81 mandados de detenção por alegado envolvimento em atos graves de corrupção, administrativa e desvio de fundos, numa ação prejudicial aos interesses e necessidades da República e da população.
A investigação envolvia, entre outras, operações da empresa estatal Petróleos da Venezuela SA e através da Superintendência Nacional de Criptoativos (Sunacrip) e abrangeu quase duas centenas de pessoas.
Em 20 de março de 2023, o então ministro do Petróleo Tareck El Aissami anunciou a sua demissão tendo-se disponibilizado para ajudar em eventuais investigações, mas desde então, segundo a imprensa local, o seu paradeiro era desconhecido.
Ainda em 20 de março de 2023, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou uma reestruturação, ao mais alto nível, na PDVSA e nos tribunais do país, como parte de uma estratégica governamental anticorrupção.
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