A delegação abandonou a capital egípcia com destino ao Qatar, após dois dias de negociações sem acordo devido à exigência do Hamas de que a ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza termine em troca das libertações de reféns na posse do movimento islamita palestiniano, disse fonte do Hamas citada pela Al Jazeera.
Israel sublinhou, no entanto, que não irá desistir do plano de tomar a região de Rafah, uma cidade no sul da Faixa de Gaza considerada por Israel o último reduto do Hamas, e onde se refugiam mais de 1,2 milhões de palestinianos deslocados pelo conflito que dura desde outubro do ano passado, desde que o movimento islamita atacou em território israelita, fazendo cerca de 1.200 vítimas e motivando uma retaliação israelita em Gaza.
Os países mediadores -- Qatar, Egito e Estados Unidos -- irão continuar os contatos com ambas as partes, apesar da saída da delegação do Hamas, segundo fontes citadas pela Al Jazeera.
Segundo a egípcia Al-Qahera News, que cita fonte próxima das negociações, uma delegação do Hamas regressará ao Cairo na terça-feira para retomar o processo.
Em Doha é esperado nas próximas horas o chefe do serviço de informações dos EUA (CIA), William Burns, para encontros com o primeiro-ministro do Qatar, Sheikh Mohammed bin Abdelrahmane Al Thani, relacionadas com as negociações indiretas entre Israel e Hamas, disse à AFP fonte próxima das discussões, que solicitou anonimato.
O Qatar, onde o braço político do Hamas tem a sua sede, tem assumido um papel central nos esforços de mediação para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e libertação de reféns.
O líder político do movimento islâmico palestiniano Hamas, Ismail Haniye, garantiu que o continua interessado em chegar a um "acordo abrangente e interligado" que ponha fim à guerra com Israel, mas manteve a exigência de que qualquer pacto garanta também um cessar-fogo imediato com a retirada das tropas israelitas de Gaza.
Haniye, que acusou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de "inventar perpetuamente desculpas", como atos de "sabotagem", para prolongar o conflito, afirmou que o Hamas está a ter "flexibilidade" para facilitar as negociações.
Netanyahu, por sua vez, avisou hoje que não aceitará um acordo para a libertação dos reféns de Gaza que implique o fim da guerra ou deixar o Hamas "intacto".
Netanyahu destacou a "vontade demonstrada por Israel" para chegar a um acordo e lembrou que os Estados Unidos consideram a última proposta "generosa".
"Israel está disposto e continua disposto a aceitar uma trégua nos combates para libertar os reféns. Foi isso que fizemos quando libertamos os 124 reféns (em novembro) e depois voltamos à batalha. Também estamos dispostos a fazê-lo hoje", disse.
O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, afirmou hoje que Israel tem "indicações" de que o Hamas não quer fechar um acordo para a libertação dos reféns e, portanto, a ofensiva militar israelita sobre Rafah poderá começar "no futuro próximo".
"Temos objetivos claros para esta guerra: a eliminação do Hamas e a libertação dos reféns", afirmou Gallant, citado pelo jornal 'The Times of Israel'.
O responsável israelita disse que foram detetados "sinais alarmantes de que o Hamas, na verdade, não tem intenção de celebrar qualquer tipo de acordo-quadro".
"Isto significa que a operação em Rafah e na Faixa de Gaza como um todo ocorrerá num futuro muito próximo", disse.
Gallant participou este domingo numa reunião com militares no corredor Netzarim, no centro da Faixa de Gaza e que divide o enclave palestiniano em dois.
[Notícia atualizada às 18h27]
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