O agressor fazia parte de um grupo de pessoas que exigia o direito de voto numa assembleia de voto em Moundou, e um deles abriu fogo indiscriminadamente, atingindo um homem de 65 anos que tinha acabado de votar, disse Ousmane Houzibé, chefe de missão da Agência Nacional de Gestão Eleitoral (ANGE) em Moundou, citado pela agência France Presse.
Os chadianos estão hoje a votar para eleger um Presidente concluindo um processo de transição de três anos até agora conduzido por um regime militar.
A eleição presidencial oferece a mais de oito milhões de eleitores a possibilidade de escolher entre dez candidatos apurados para concorrer, de entre os quais se destacam dois: o chefe da junta militar, o general Mahamat Idriss Déby Itno, e o seu primeiro-ministro, Succès Masra, um antigo opositor que em janeiro último se juntou ao regime do primeiro, num duelo sem precedentes no país.
Pelo caminho ficaram outros dez candidatos impedidos de concorrer, num processo em que a generalidade da oposição foi violentamente reprimida e excluída da corrida, e apelou ao boicote de um escrutínio.
Estas eleições, dizem muitas formações políticas excluídas e organizações não-governamentais, configuram um "jogo jogado antecipadamente" para perpetuar a "dinastia Déby", num processo recheado de sinais claros de falta de credibilidade.
Em Ndjamena, era difícil avaliar o nível de entusiasmo ao meio-dia, segundo a AFP, que visitou mais de 20 assembleias de voto, que encontrou desertas sob o calor sufocante do meio-dia.
No início da campanha, todos os observadores previam uma vitória maciça do Presidente de transição Mahamat Idriss Déby Itno, filho do antigo ditador do Chade, Idriss Déby Itno, depois de ter afastado todos os seus rivais mais perigosos, incluindo um primo, Yaya Dillo, morto com um tiro à queima-roupa dias antes de começarem a ser colados os primeiros cartazes de Mahamat, que hoje impõem um padrão monocromático às principais ruas da capital chadiana.
O economista Succès Masra, não obstante ser acusado pelos seus antigos aliados na oposição de ser um "traidor" que se juntou ao regime de Déby e de ser um falso candidato apenas necessário para "dar um verniz democrático" ao escrutínio, assumiu-se porém nos últimos dia de campanha como um possível "desmancha-prazeres", atraindo grandes multidões aos seus comícios, e parecendo ser capaz de, pelo menos, empurrar o jovem general para uma segunda volta.
A acontecer uma segunda volta, seria mais uma novidade absoluta, num país que vive há quase quatro décadas submetido ao "punho de ferro" da mesma família, que há cerca de duas décadas vem a ensaiar um simulacro de democracia através de eleições que apenas têm servido para fazer o jogo da legitimação internacional.
O resultado destas eleições terá que ser conhecido até ao próximo dia 21, data do prazo de validação do processo por Concelho Constitucional constituído por elementos da confiança de Mahamat Déby.
Não é conhecido qualquer calendário para uma eventual segunda volta destas presidenciais, assim como não se sabe quando serão realizadas as eleições legislativas, que deveriam ter precedido este escrutínio, sob pena deste processo inverso produzir "clientelismos" ao invés de "verdadeiros partidos candidatos ao parlamento chadiano", como há dias assinalou o analista do Institute for Securities Studies (ISS) para a África Central, Remadji Hoinathy, em declarações à Lusa.
Leia Também: Sete países notificam Guterres que querem contribuir para apoio ao Haiti