O observatório foi lançado na cidade da Praia durante uma conferência internacional sobre a imigração em Cabo Verde e foi criado para colmatar a "falta de conhecimento" sobre a população migrante, disse à Lusa Silvano Landim, técnico do observatório.
"Vários estudos concluíram que há necessidade do reforço do conhecimento e a Alta Autoridade para a Imigração (AAI) tem estado sempre a bater nessa mesma tecla", referiu.
Desenvolvido em parceria com a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) de Portugal, o observatório funciona no Palácio das Comunidades, nas instalações do Ministério dos Negócios Estrangeiros, na Praia, e está acessível na Internet em https://om-mne.gov.cv/ com estudos, artigos científicos, entre outro material relacionado com as migrações no arquipélago, num acervo que está ainda a crescer.
Para o responsável, a expectativa é poder contribuir para melhorar a compreensão do fenómeno das migrações, tendo como referência Portugal, que tem um observatório há mais de 20 anos e que ajuda a tomar decisões nessa área.
"O observatório de Cabo Verde terá também essa vocação, terá uma estrutura de investigação que poderá contribuir com evidências científicas e devidamente fundamentadas", perspetivou Landim, licenciado em Ciência Política e mestrando em Gestão e Políticas Públicas.
Dados baseados nos censos de 2021 apontam para uma população imigrante situada entre 2% a 3% do total de 500.000 habitantes do arquipélago cabo-verdiano (perfazendo quase 11.000 imigrantes).
Estima-se que mais de um milhão e meio de cabo-verdianos e descendentes vivam no estrangeiro.
O Observatório das Migrações de Cabo Verde foi criado no quadro do Projeto "Coop4Int -- Reforço da Integração de Migrantes através da Cooperação entre Portugal e Cabo Verde", implementado com o apoio financeiro da União Europeia, através do Centro Internacional para o Desenvolvimento de Políticas Migratórias (ICMPD).
A conferência internacional foi realizada pela Alta Autoridade para a Imigração (AAI) de Cabo Verde e pretende promover uma reflexão e melhoria de conhecimentos sobre a imigração e a integração social dos imigrantes no país.
O papel da cooperação nas políticas migratórias, as experiências portuguesas e cabo-verdianas e participação da sociedade civil na integração dos imigrantes foram temas em debate.
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