Os organizadores do protesto disseram que a manifestação foi cancelada "por responsabilidade", face ao impacto do apagão e "à situação de alarme e emergência" que originou.
"As manifestações denunciam uma negligência e uma falta de tomada de decisões e de responsabilidades num momento de tensão. Não podemos cometer o mesmo erro", justificou uma das porta-vozes da plataforma de 200 associações e outras entidades que tem convocado protestos todos os meses para Valência por causa das inundações de 29 de outubro.
Seis meses depois das inundações, Valência preparava-se para ser palco da sétima manifestação de protesto pela gestão política da catástrofe.
As manifestações têm sido convocadas por uma plataforma de duas centenas de associações e outras entidades e têm tido como lema "Mazón, dimisión", ("Mazón, demissão"), referindo-se ao presidente do governo regional, Carlos Mazón, do Partido Popular (PP, direita).
Mazón e o governo regional são sobretudo criticados desde 29 de outubro pelos alertas tardios à população em relação ao temporal, apesar de os serviços meteorológicos espanhóis terem emitido um aviso vermelho horas antes das chuvas e das cheias.
O primeiro relatório da investigação judicial, aberta para apurar eventuais responsabilidades políticas na morte de mais de 220 pessoas, indicou que a maioria das vítimas morreu antes de ter sido enviado o alerta da proteção civil para os telemóveis.
As manifestações anteriores mobilizaram centenas de milhares de pessoas: 130 mil em 09 de novembro, 100 mil em 30 de novembro, 80 mil em 29 de dezembro, 25 mil em 01 de fevereiro, 30 mil em 01 de março e 25 mil em 29 de março.
A manifestação de hoje não era porém a única convocada para esta semana em Valência por causa das cheias, mantendo-se uma outra para terça-feira, num dos locais em que se realiza o congresso do Partido Popular Europeu (PPE), que levará à cidade a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Segundo a mesma porta-voz das organizações que convocam os protestos, a manifestação de terça-feira mantém-se se a situação provocada pelo apagão estiver normalizada.
O apagão atingiu toda a Península Ibérica e regiões do sul de França, desconhecendo-se as causas do corte energético, disseram as autoridades de Portugal e de Espanha.
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