O documento de recomendações que saiu das reuniões, que terminaram na sexta-feira à noite, também recomenda que o atual presidente do governo da junta militar, o coronel Assimi Goita, seja candidato às futuras eleições presidenciais, que não têm data.
A junta militar no poder no Mali, que se autodenomina de governo de transição, assumiu o poder após um golpe militar em 2020 e desde então tem dado prazos para convocar eleições que não tem cumprido.
O último, de dois anos, expirou em 26 de março, e perante a falta de convocação dezenas de partidos políticos pediram à junta a sua realização, após o que o governo golpista suspendeu as suas atividades.
Estas jornadas de diálogo, realizadas no Centro Internacional de Conferências de Bamako, não contaram com a participação dos partidos políticos, recentemente suspensos pela junta militar, e dos grupos independendistas do norte do Mali, que enfrentam o governo.
Outra das recomendações é que o coronel Goita, atual chefe de Estado, seja elevado ao posto de general, bem como outros cinco coronéis que constituem a junta no poder: Malick Diaw, Sadio Camara, Ismael Wagué, Modibo Koné y Abdoulaye Maiga.
Também a proibição de líderes religiosos, chefes de vilas ou bairros, bem como responsáveis ?de organizações da sociedade civil, de participarem em atividades políticas são outras das recomendações.
Além disso, defendem que as condições para a criação de partidos políticos sejam reforçadas, que o seu número seja reduzido e que o seu financiamento público seja eliminado, bem como que as milícias e os grupos de autodefesa sejam dissolvidos.
O documento será remetido oficialmente a Goita na próxima semana e pede o diálogo com todos os movimentos armados do Mai e que se abra essa janela para os grupos 'jihadistas' (que no país atuam afiliados da Al Qaida e do Estado Islâmico).
A crise política em que está imerso o Mali, cujo governo rompeu relações com a França - uma antiga potência colonial - e se aproximou da Rússia e da junta militar vizinha no poder no Níger e no Burkina Faso, ocorre num contexto de grave crise de segurança e económica.
O Mali sofre contínuos ataques terroristas perpetrados por grupos leais à Al Qaida e ao Estado Islâmico (este último controla quase completamente a região de Menaka), e durante meses teve outro conflito aberto com os independentistas no norte do país (Azawad), que declarou a guerra à junta após alguns anos de paz.
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