Sem revelar se e com quem pretende negociar a viabilização do governo, Salvador Illa destacou que o Partido Socialista da Catalunha (PSC) venceu hoje de forma destacada as eleições, ao eleger 42 deputados num parlamento com 135 lugares.
"Os catalães decidiram que cabe ao PSC liderar esta nova etapa", afirmou, na sede do partido em Barcelona, perante os aplausos de algumas dezenas de apoiantes.
Illa sublinhou ainda que é a primeira vez na história que o PSC, simultaneamente, ganha em votos e em deputados numas eleições autonómicas catalãs, insistindo por diversas vezes em que a região "abriu hoje uma nova etapa".
Para Salvador Illa, um dos "muitos fatores" que explicam a vitória do PSC na Catalunha é a política que o primeiro-ministro de Espanha e líder do Partido Socialista Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, adotou para a região.
À frente do Governo de Espanha desde 2018, Sánchez concedeu indultos aos separatistas condenados pela tentativa de autodeterminação de 2017, mudou o código penal para acabar com o delito de sedição de que outros estavam acusados e avançou agora com uma amnistia que está prestes a ser definitivamente aprovada.
Em troca, os dois grandes partidos independentistas catalães viabilizaram sucessivos governos de Sánchez.
O PSOE e Sánchez têm insistido em que estas medidas têm o objetivo de "recuperar a convivência" na Catalunha e entre a Catalunha e o resto de Espanha, depois da tentativa de autodeterminação de 2017.
Illa prometeu hoje uma "nova etapa" na Catalunha "para todos os catalães, falem a língua que falem e pensem aquilo que pensem", com "respeito" pelos partidos independentistas.
O líder do PSC disse que a partir de agora"a primeira prioridade" na Catalunha serão os serviços públicos, depois de anos de foco num processo independentista, e afirmou o objetivo de a região "voltar a liderar economicamente Espanha".
O PSC elegeu hoje 42 deputados no parlamento regional e Illa admitiu durante a campanha governar com o apoio da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista) e do Comuns Somar (esquerda).
A ERC, que estava à frente do governo regional e elegeu hoje 20 deputados, não se comprometeu e não excluiu uma eventual aliança com os socialistas, embora na Catalunha haja há mais de uma década um "bloco independentista" que une todas as formações separatistas de esquerda e direita em pactos pós-eleitorais.
Já o Comuns Somar, plataforma que faz parte do Somar, que está na coligação do Governo de Espanha com o PSOE, elegeu seis deputados e confirmou a disponibilidade para viabilizar um governo de Illa na Catalunha.
"Não deixaremos de viabilizar este governo, que é o que o país merece", disse hoje a candidata do Comuns Somar nestas eleições, Jessica Albiach, considerando que só um governo de esquerda garantirá respostas a questões como "o acesso à habitação e uma transição ecológica justa".
Os três partidos (PSC, ERC e Comuns Somar) elegeram, em conjunto 68 deputados, o número mínimo para uma maioria absoluta no 'Parlament'.
[Notícia atualizada às 23h52]
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