"É meu direito fundamental a forma como pretendo designar o meu país", declarou aos 'media' Hristijan Mickoski, presidente da Organização Revolucionária Macedónia do Interior - Partido Democrático pela Unidade Nacional Macedónia (VMRO-DPMNE), formação da direita nacionalista que venceu as eleições legislativas e presidenciais de 08 de maio.
"Caso a Grécia considere que violámos o acordo de Prespa, existe o Tribunal Internacional de Justiça. Podem iniciar um processo e iremos apresentar os nossos argumentos. Não pretendo que isso aconteça", acrescentou Hristijan Mickoski.
O primeiro-ministro grego, o conservador Kyriakos Mitsotakis, não reagiu diretamente às declarações, mas assegurou que a "estrada da Europa continuará fechada" para a Macedónia do Norte caso Skopje não respeite os seus compromissos.
"Se alguém pensa que não pode respeitar a sua parte do acordo [de Prespa], deve saber (...) que a sua estrada para a Europa permanecerá fechada", disse Mitsotakis, durante uma deslocação a Veria, província grega da Macedónia, no âmbito da campanha para as eleições europeias de 09 de junho.
Em 2018, Skopje concluiu um acordo histórico com Atenas ao aceitar acrescentar a menção geográfica "do Norte" ao nome do país -- para o distinguir da província grega da Macedónia --, e pôr termo a um prolongado contencioso com o seu vizinho, que por este motivo bloqueava a adesão do pequeno país balcânico à NATO e as negociações de adesão à União Europeia (UE).
Assinado pelo então Governo social-democrata macedónio e pelo executivo de esquerda na Grécia liderado pelo Syriza, este acordo permitiu a adesão da Macedónia do Norte à NATO em 2020.
A prolongada disputa, que se considerava sanada, foi reaberta no passado domingo quando a nova Presidente da Macedónia do Norte, Gordana Siljanovska-Davkova, utilizou o nome "Macedónia" durante a sessão de juramento, em contradição com o texto que deveria pronunciar.
Mitsotakis considerou esta atitude de "provocadora" e uma "iniciativa ilegal e inadmissível", assegurando que Atenas não iria aceitar "tais derivas".
Hristijan Mickoski assinalou que reconhecia a realidade do nome oficial do país, mas continuaria a utilizar o seu antigo nome nas iniciativas públicas.
"Terminemos com as ameaças, com as obstruções, com os recuos. Olhemos para o futuro. São documentos que fazem parte da legislação", acrescentou.
O VMRO-DPMNE venceu as recentes legislativas e garantiu 58 dos 120 lugares no parlamento, impondo uma dura derrota à União Social-Democrata da Macedónia (SDSM), no poder desde 2017.
O regresso ao poder da oposição de direita no pequeno país do sul dos Balcãs, com 1,8 milhões de habitantes, também se arrisca a reacender as tensões com a vizinha Bulgária, que coloca as suas próprias condições para o progresso das negociações da adesão da Macedónia do Norte à UE.
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