Nobel da Paz iraniana julgada por denunciar agressões sexuais a reclusas

Narges Mohammadi, ativista iraniana dos direitos das mulheres e Prémio Nobel da Paz de 2023 que está detida, vai ser julgada por acusar as forças de segurança iranianas de agredir sexualmente as reclusas, noticou hoje a AFP.

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© Sergei Gapon/Anadolu via Getty Images

Lusa
18/05/2024 17:05 ‧ 18/05/2024 por Lusa

Mundo

Narges Mohammadi

Segundo a agência de notícias France-Presse (AFP), que cita a família da detida, o julgamento deverá ter início no domingo e relaciona-se com uma mensagem áudio que a ativista partilhou, em abril, com os apoiantes a partir da prisão onde se encontra detida desde o final de 2021, na qual denunciava uma "guerra em grande escala contra as mulheres" na República Islâmica.

O Ministério Público acusou-a de "propaganda contra o regime" e as autoridades judiciais iranianas não comentaram o caso.

Ainda de acordo com a família, Mohammadi defendeu que o julgamento deveria ser aberto ao público para que "as testemunhas e sobreviventes possam testemunhar as agressões sexuais cometidas pelo regime da República Islâmica contra as mulheres" nas prisões iranianas.

Na sua mensagem, a ativista e jornalista detida na prisão de Evine, em Teerão, exortou as mulheres iranianas a partilharem nas redes sociais os factos sobre as suas detenções e as agressões sexuais perpetradas pelas autoridades.

Citou o caso de Dina Ghalibaf, uma jornalista e estudante que, segundo organizações não-governamentais (ONG) foi detida depois de ter acusado as forças de segurança, nas redes sociais, de a terem algemado e agredido sexualmente durante uma anterior detenção. Ghalibaf foi posteriormente libertada.

Nas últimas semanas, as autoridades iranianas intensificaram a repressão sobre as mulheres, nomeadamente através da utilização de videovigilância. Desde a Revolução Islâmica de 1979, as mulheres no Irão são obrigadas a respeitar um código de vestuário rigoroso, incluindo o uso do véu em locais públicos.

Detida desde novembro de 2021, Mohammadi não vê o marido e os filhos gémeos, que vivem em Paris há vários anos. A ativista, de 52 anos, foi repetidamente condenada e presa nos últimos 25 anos pela sua campanha contra o uso obrigatório do véu pelas mulheres e a pena de morte.

Leia Também: Sete pessoas executadas este sábado por enforcamento no Irão

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