"Pensem em alguém que ganhe 1.200 euros por mês, brutos. Toda esta discussão, a importância que tem no bolso das pessoas, que é aquilo que importa, é uma discussão que, para este salário de 1.200 brutos por mês, se há uma redução de 5 ou 7 euros. É isto que estão a discutir há dias, há semanas. Se reduzem no bolso destas pessoas 5 ou 7 euros", criticou hoje Rui Rocha, no Porto.
O líder liberal falava hoje num jantar de pré-campanha num restaurante em Miragaia (Porto), no qual esteve acompanhado pelo cabeça de lista da IL às eleições europeias de 09 de junho, João Cotrim Figueiredo.
"Fazem disto uma discussão enorme, como se fosse uma coisa absolutamente decisiva na transformação na vida das pessoas, e não é. Estamos a falar de 5 ou 7 euros", reiterou.
Por outro lado, referiu que "há uma proposta" da Iniciativa Liberal (IL) "para esta mesma pessoa que ganha 1.200 euros brutos por mês, que reduz 84 euros" de IRS, vincou.
"Portanto, eu desafio a deixarem de discutir se são 5 ou 6 ou 7, e discutam se são 84, como nós propomos", assinalou o líder liberal.
O PS apresentou na sexta-feira uma nova proposta para a descida do IRS desafiando o Governo a ir ao encontro de "uma solução equilibrada" na qual há alívio fiscal para todos os rendimentos, mas com maior impacto para salários médios.
"É importante que o Governo venha ao encontro daquilo que é uma opção que nos parece correta e que é transversal à esquerda e à direita parlamentar de que a maior parte do ganho [no alívio do IRS] seja para aqueles que têm o salário médio", disse aos jornalistas o deputado do PS António Mendonça Mendes numa apresentação aos jornalistas desta nova proposta.
Segundo Mendonça Mendes, com esta nova formulação, o PS assegura que "apenas cerca de um terço" dos 348 milhões de euros que o Governo prevê para esta redução fiscal "seja para os 10% mais ricos".
O socialista garantiu que o seu partido está "nesta negociação com boa-fé, com espírito de abertura", admitindo que não têm "sentido a mesma abertura por parte do Governo".
"Nós não aceitamos descer as taxa marginais no 8.º escalão como o Governo propõe", avisou, desafiando o executivo do PSD/CDS-PP a "abdicar de dar cerca de 50% da margem aos 10% mais ricos".
Na quarta-feira, o PSD apresentou um projeto de substituição da proposta do Governo no IRS, reforçando a descida das taxas nos 3.º e 4.º escalões e aumentando a taxa do 6.º, abrindo ainda caminho à atualização anual dos escalões.
O anúncio da nova proposta do PSD foi feito durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro, tendo o líder da bancada parlamentar dos sociais-democratas, Hugo Soares, referido que o objetivo do novo texto é aproximá-lo das propostas do PS, Chega e BE.
Na semana passada, o PS, conforme noticiado pela agência Lusa, enviou ao PSD, BE e PCP um texto de substituição que visa conciliar os diferentes projetos sobre IRS em discussão na especialidade, considerando ser possível "assegurar um amplo consenso" para a aprovação da medida.
Este texto substituiria as propostas de lei do Governo, além dos projetos de lei do próprio PS, Chega, IL, BE e PCP.
Em 24 de abril, o parlamento aprovou na generalidade as propostas do PS, BE e PCP sobre o IRS e os requerimentos para que a proposta do Governo, do Chega e da IL baixassem à especialidade sem votação.
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