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Argentina rejeita problema diplomático com Espanha

A Argentina rejeitou hoje a possibilidade de um problema diplomático com Espanha por causa de "uma questão entre duas pessoas", mesmo que sejam os líderes dos governos dos dois países.

Argentina rejeita problema diplomático com Espanha
Notícias ao Minuto

17:54 - 20/05/24 por Lusa

Mundo Argentina

"Não insistam com o problema diplomático porque não há aqui nenhum problema diplomático. As relações entre os povos e a diplomacia entre povos estão muito acima das diferenças que possa haver entre duas pessoas, incluindo dois presidentes", disse o porta-voz da Presidência a Argentina, Manuel Ardoni, numa conferência de imprensa em Buenos Aires, em resposta a várias perguntas dos jornalistas.

O Presidente da Argentina, Javier Milei, referiu-se no domingo, em Madrid, numa convenção do partido de extrema-direita Vox, ao "socialismo maldito e cancerígeno", antes de acrescentar: "Que cambada de gente aparafusada ao poder e que níveis de abuso pode gerar. Mesmo quando tem uma mulher corrupta, digamos suja, e tira cinco dias para pensar nisso".

O socialista Pedro Sánchez, primeiro-ministro de Espanha, disse no final de abril que ponderava demitir-se invocando ataques à família, sobretudo à mulher, baseados em campanhas de desinformação. Passados cinco dias de reflexão, decidiu manter-se no cargo.

O Governo espanhol disse que Milei insultou o primeiro-ministro e Espanha, considerou inaceitável que o tenha feito durante uma visita ao país e anunciou a retirada da embaixadora espanhola em Buenos Aires.

O próprio Pedro Sánchez defendeu hoje que o respeito entre governos de dois países "é irrenunciável", acusou Javier Milei de não ter estado à altura do cargo durante a visita a Madrid e pediu uma "retificação pública" ao Presidente da Argentina.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, José Manuel Albares, convocou hoje o embaixador da Argentina em Madrid, Roberto Bosch, para lhe transmitir formalmente a exigência de um pedido de desculpas públicas.

"Não nos parece que aquilo que aconteceu tenha alguma coisa a ver com as relações diplomáticas, é uma questão entre duas pessoas", disse por diversas vezes o porta-voz da Presidência da Argentina, Manuel Ardoni, na conferência de hoje em Buenos Aires.

Ardoni afirmou que Milei é que tem sido alvo de uma "catarata de insultos" por parte de ministros espanhóis e até de Sánchez, que já acusaram o Presidente da Argentina de "consumir substâncias", negacionismo, "atentar contra a democracia", ter um "governo de ódio" e autoritarismo.

Apesar disto, a Argentina nunca questionou as relações diplomáticas com Espanha, vincou Manuel Ardoni, que considerou que seria "absolutamente irracional" uma "reação diplomática" por parte de Madrid.

O Presidente da Argentina "jamais poria em risco qualquer relação diplomática com qualquer país", disse Manuel Ardoni, que acrescentou que no discurso de domingo, Milei - e ao contrário do que fazem os ministros espanhóis - nem sequer referiu o nome de Sánchez ou da mulher.

O porta-voz apelou "à reflexão" e disse que é Madrid quem deve um pedido de "desculpas públicas" a Milei.

"Chama poderosamente a atenção que se ponham em tensão as relações entre dois países historicamente irmanados por causa de uma decisão pouco meditada", afirmou, numa referência à retirada da embaixadora espanhola de Buenos Aires, acrescentando que a Argentina confia "na recondução" das relações após as eleições europeias de junho, aquilo que, no entender do Buenos Aires, está a motivar a reação de Madrid.

Quanto ao próprio Javier Milei, só se referiu a esta polémica, até agora, numa breve publicação na rede social X, hoje de manhã, quando regressou à Argentina, em que escreveu: "Olá a todos! O leão regressou, a surfar uma onda de lágrimas socialistas... Viva a liberdade, c***!"

Em Espanha, O Partido Popular (PP, direita, na oposição) considerou hoje o discurso de Milei "chocante" e "uma intromissão na política nacional", mas defendeu que o Governo e Sánchez estão a "exagerar muitíssimo".

Para o PP, tanto Sánchez como Milei entraram numa "escalada verbal que não conduz a lado nenhum".

Também a maior patronal espanhola, CEOE, condenou as declarações de Milei e o mesmo fizeram empresas como BBVA, Santander, Telefonica ou Iberia.

Leia Também: Da "mulher corrupta"... à crise. Que se passa entre Espanha e Argentina?

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