Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada pela Rússia para abordar o fornecimento de armas ocidentais à Ucrânia, o vice-embaixador norte-americano, Robert Wood, considerou falsas e até "cínicas" as acusações russas de que é a assistência à Ucrânia - e não a própria agressão da Rússia, após a invasão de fevereiro de 2022 - que está a prolongar a guerra.
Wood frisou que a oposição à guerra na Ucrânia não se limita ao Ocidente, recordando que mais de 140 países condenaram na Assembleia-Geral da ONU a agressão russa e pediram a sua retirada imediata do território ucraniano.
O diplomata norte-americano acusou ainda Moscovo de "descaradamente violar" as resoluções do Conselho de Segurança ao adquirir 'drones' iranianos ou mísseis balísticos da Coreia do Norte para atacar a Ucrânia, além de "usar armas químicas" contra Kyiv, em violação da Convenção sobre Armas Químicas.
"Avaliamos que as forças russas usaram a arma química cloropicrina e agentes de controlo de motins como método de guerra para desalojar as forças ucranianas de posições fortificadas. A utilização de tais produtos químicos não é um incidente isolado. A Rússia mantém um programa de armas químicas não declarado", acusou.
Robert Wood manifestou ainda "profunda preocupação" com o "apoio maciço" que a China está a prestar à Rússia para reconstruir a sua base industrial de defesa.
"A esmagadora maioria das máquinas-ferramentas e microeletrónica que os militares russos recebem do estrangeiro vem da China. Deixe-me ser claro: a Rússia não poderia sustentar a sua guerra de conquista territorial sem este apoio", frisou.
Até que a Rússia cesse os seus ataques e se retire da Ucrânia, os Estados Unidos continuarão empenhados em fornecer à Ucrânia o que necessita para se defender, em conformidade com o artigo 51.º da Carta da ONU, assegurou o embaixador.
O embaixador russo junto das Nações Unidas (ONU), Vasily Nebenzya, acusou os Estados Unidos e aliados ocidentais de fazerem da Ucrânia a sua "cobaia", para "transformá-la em algo que incomodaria a Rússia e, idealmente, prejudicaria o seu desenvolvimento".
De acordo com o diplomata, apesar dos esforços ocidentais para tentar derrotar a Rússia, "é óbvio" que não existe uma "super arma que o Ocidente possa transferir para a Ucrânia e que possa reverter as tendências extremamente negativas para as Forças Armadas Ucranianas no campo de batalha".
"Até recentemente, os russofóbicos ocidentais elogiavam a transferência pelos americanos de mísseis ATACMS de longo alcance, que hoje são abatidos às dezenas pelo sistema de defesa aérea russo e destruídos da mesma forma que os alardeados Leopard e Abrams. O mesmo destino acontecerá aos notórios F-16 assim que chegarem ao regime de Kyiv", alegou o diplomata.
A Ucrânia tem insistido que precisa urgentemente de mais defesa antiaérea e que a entrega antecipada dos caças de combate norte-americanos F-16, por países europeus, até ao início de junho, daria um "impulso psicológico" significativo às tropas ucranianas, após um aumento substancial dos ataques russos nos últimos dias.
O representante permanente de Moscovo na ONU afirmou que sem intervenção ocidental, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia já teria terminado há muito tempo ou até "nunca teria começado".
"Afinal de contas, a Rússia e a Ucrânia são povos irmãos e assim permanecerão depois de o regime fantoche de Kyiv deixar de existir", alegou.
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