"Temos de melhorar a nossa indústria de defesa, temos de nos certificar de que a fragmentação de que dispomos nos permite ter projetos europeus comuns, por exemplo, um escudo de defesa aérea para toda a Europa, como foi proposto pelas autarquias", declarou Ursula von der Leyen.
Intervindo numa discussão sobre segurança e defesa num debate promovido pelo Parlamento Europeu em Bruxelas, a candidata principal do Partido Popular Europeu ao executivo comunitário e atual líder da instituição vincou que a União Europeia (UE) tem de "apoiar a Ucrânia" face à invasão russa de fevereiro de 2022.
"A Ucrânia está a travar uma guerra de liberdade contra a opressão e precisa de financiamento para a defesa e há muitos projetos comuns, (...) mas cabe-nos a nós dizer se queremos financiá-los em conjunto, enquanto europeus, e depois falar sobre as opções naturais de financiamento, quer se trate de contribuições nacionais ou de recursos próprios", salientou Ursula von der Leyen.
"Devemos unir forças e falar com os Estados-membros e sermos fortes e corajosos para dizer que vamos trabalhar nos novos recursos a nível europeu para financiar efetivamente a nossa defesa", vincou.
Os candidatos principais ('spitzenkandidaten') à presidência da Comissão Europeia participam hoje num debate em Bruxelas, marcado pela ausência dos representantes da extrema-direita, no terceiro e último frente-a-frente antes das eleições europeias, marcadas entre 06 e 09 de junho e nas quais votam quase 400 milhões de cidadãos dos 27 Estados-membros da UE.
Presente na discussão, o 'spitzenkandidat' da Esquerda Europeia, Walter Baier criticou Ursula von der Leyen por, nas suas intervenções sobre segurança e defesa, não ter abordado os ataques de Israel em Gaza, na sequência do conflito entre Telavive e o grupo islamita palestiniano Hamas.
"Estou realmente espantado com o facto de se estar aqui a falar de paz e segurança e ninguém mencionar sequer Gaza. Já lhe perguntei várias vezes - e não obtive resposta - quando é que a UE vai colocar sanções a Israel para parar a matança em Gaza", disse Walter Baier, dirigindo-se a Ursula von der Leyen.
Em resposta, a candidata de centro-direita disse que a UE está a "fazer tudo o que pode" para apoiar a população em Gaza através de ajuda humanitária, mas atribuiu a "situação dramática" ao ataque do Hamas de outubro passado.
Por seu lado, a candidata dos Verdes Europeus, Terry Reintke, vincou que "não se pode falar de segurança sem falar (...) da maior ameaça à segurança neste momento, que é a ascensão da extrema-direita" na UE.
"Vemos que há políticos estrangeiros que querem desestabilizar esta União, que querem retirar o fundamento do que tem sido a paz, a liberdade e a prosperidade", apontou, numa alusão ao Presidente russo, Vladimir Putin.
Já o candidato liberal, Sandro Gozi defendeu investimento na defesa europeia, apoiando um plano de 100 mil milhões de euros para o financiamento desta área que avaliou como uma prioridade.
Por sua vez, o socialista Nicolas Schmit adiantou que "preferia não investir tanto dinheiro na defesa" já que a "UE não escolheu a guerra" na Ucrânia, mas sublinhou que este financiamento à segurança "não significa que não se invista em coesão social".
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