Num artigo difundido pelo Diário do Povo, o jornal oficial do Partido Comunista Chinês, Jin Ruiting, investigador da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o órgão máximo de planificação económica da China, negou que exista um problema de excesso de capacidade de produção.
Jin defendeu que a taxa de utilização da capacidade da indústria de novas energias da China era superior à de outros países e que, em termos globais, a capacidade de produção estava muito aquém da procura do mercado.
O artigo foi publicado um dia depois de os chefes das finanças dos países membros do G7 terem manifestado a sua preocupação com as "políticas e práticas não comerciais" da China, que prejudicam "os nossos trabalhadores, as nossas indústrias e a nossa capacidade de resistência económica".
Os responsáveis afirmaram que continuariam a monitorizar os potenciais impactos negativos do excesso de capacidade e que considerariam a possibilidade de tomar medidas para garantir condições equitativas, em conformidade com os princípios da Organização Mundial do Comércio.
Em causa está o domínio da China nos setores dos veículos elétricos, painéis solares e baterias de nova energia. O país asiático concentra 80% da produção global de baterias e representou, em 2023, três quartos do investimento na produção de todas as tecnologias limpas, segundo dados da Agência Internacional da Energia.
Desde que o setor automóvel, que é particularmente sensível para a Europa, passou também a constar nos planos quinquenais delineados pelo Partido Comunista, há cerca de dez anos, foram criadas centenas de marcas de veículos elétricos no país.
A União Europeia está a conduzir investigações sobre os subsídios atribuídos pelo Estado aos fabricantes chineses de carros elétricos e de turbinas eólicas.
As acusações de "sobrecapacidade" nas indústrias da China são a "tática habitual" dos Estados Unidos para "suprimir as indústrias de outros países", disse Jin, afirmando que Washington é motivado pelo seu "pensamento hegemónico".
"A China tem fornecido produtos verdes de alta qualidade e a preços acessíveis para países de todo o mundo e tem contribuído muito para a transformação global verde e de baixo carbono", afirmou.
Jin também argumentou que a indústria de novas energias da China alcançou a sua posição através de uma inovação tecnológica rápida e contínua num mercado competitivo.
"A indústria de novas energias da China obteve as suas vantagens através de competências reais", afirmou, acrescentando que a produção chinesa abrangeu uma série de categorias e toda a cadeia industrial.
A Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, que participou na reunião do G7 em Itália, levantou a questão do excesso de capacidade junto dos responsáveis chineses durante uma viagem à China no início do mês passado.
A administração do Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou também que vai impor taxas alfandegárias punitivas sobre mais de uma dúzia de produtos chineses, incluindo veículos elétricos.
A China afirmou que o argumento do excesso de capacidade levantado pelos políticos norte-americanos é "claramente motivado politicamente" e destinado a "manchar e suprimir a economia chinesa".
Na semana passada, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, foi questionado sobre a agenda do G7 relativa ao excesso de capacidade, afirmando que as discussões são "diametralmente opostas aos factos e às leis da economia e são puro protecionismo".
Wang Wenbin afirmou que a "sobrecapacidade" é apenas um pretexto para os EUA tentarem coagir os membros do G7 a "criar vedações e restrições aos novos produtos energéticos chineses".
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