"É muito grave a falta de transparência e de lealdade com o parceiro do Governo", disse Yolanda Díaz, que é também uma das vice-presidentes do executivo espanhol, uma coligação de esquerda formada pelo Partido Socialista (PSOE) e pelo Somar.
"Pedimos informação sobre essas quantias elevadíssimas [mais de mil milhões de euros] para sabermos de que demónios estamos a falar. Não nos responderam até hoje e ontem foi publicado por um meio de comunicação", acrescentou a ministra, que falava à televisão pública espanhola RTVE.
Yolanda Díaz disse ser "muito grave" também esta "falta de lealdade com os espanhóis", sublinhou que "a política de Defesa é muito importante" e defendeu que partidos e cidadãos "têm o direito a que haja um debate público", reivindicando que o acordo seja submetido à apreciação do parlamento nacional.
A líder do Somar considerou que o PSOE "está a negar a possibilidade de um debate democrático no Congresso dos Deputados para conhecer o alcance do que se vai fazer".
"Eu desconheço", garantiu.
Também o maior partido da oposição em Espanha, o Partido Popular (PP, direita), lamentou a falta de informação sobre o acordo assinado com a Ucrânia, embora realçando que apoia toda a prestação de ajuda a Kiev.
Espanha vai entregar à Ucrânia ajuda militar no valor de mais de mil milhões de euros, no âmbito de um acordo de segurança entre os dois países, anunciou Pedro Sánchez na segunda-feira, no âmbito da visita oficial a Madrid do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Espana, Jose Manuel Albares, disse-se hoje surpreendido pela polémica gerada em torno a este acordo e apelou à responsabilidade.
"A ajuda não se pode atrasar nem um dia", afirmou, numa conferência de imprensa em Madrid após a reunião do Conselho de Ministros de Espanha.
Albares disse que andou meses a prestar informações sobre as negociações com a Ucrânia em comissões parlamentares e nenhum partido "colocou qualquer dúvida, fez uma pergunta ou manifestou qualquer oposição".
O ministro manifestou surpresa "por toda esta polémica" e pediu para os discursos se centrarem no essencial, sublinhando que "a própria existência da Ucrânia está em risco se esta guerra de agressão da Rússia triunfar".
"Esta sensação de urgência faz com que a ajuda tenha de ser prestada neste momento e não se possa atrasar nem um só dia", afirmou.
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