A iniciativa, que recorda o colapso da hidroelétrica em 05 de junho do ano passado na região de Kherson, no sul da Ucrânia, e atribuído por Kyiv às forças invasoras russas, está marcada para as 19h00 de quinta-feira em frente da Embaixada da Federação Russa na capital portuguesa, segundo um comunicado da Associação dos Ucranianos em Portugal, juntando-se a outros protestos marcados para o mesmo dia em Berlim, Madrid, Paris, Amesterdão e Varsóvia.
O objetivo é assinalar o desastre que provocou a inundação de 80 localidades e vastas áreas de biodiversidade no sul da Ucrânia, tendo a Rússia, que ocupa parcialmente a região, admitido 59 mortes, embora as autoridades ucranianas indiquem que o número se elevou a centenas.
Segundo o comunicado da organização do protesto, estima-se que o país tenha perdido entre 35% e 40% das suas reservas de água doce e 11 mil hectares de floresta e que o rio Dnipro e o Mar negro tenham sido contaminados com toneladas de óleos lubrificantes de máquinas e motores.
Em Lisboa, a ação vai mobilizar, de acordo com o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, jovens refugiados, vários dos quais provenientes da região atingida pelo desastre, que é apontado como "a maior catástrofe ambiental de origem humana na Europa nos últimos dez anos, enquadrando-se totalmente na definição de ecocídio".
Em declarações à Lusa, Pavlo Sadokha alertou que a invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, está a conduzir a "catástrofe ecológica brutal", que pode ser ainda pior com as ameaças de Moscovo de utilização do seu armamento nuclear.
"Estes jovens querem lembrar às sociedades europeias e, ainda por cima antes das eleições para o Parlamento Europeu [marcadas para domingo], que o principal perigo ecológico para a Europa neste momento é a Federação Russa, que continua a fazer a guerra contra a Ucrânia", afirmou.
Os promotores do protesto defendem que "os países ocidentais devem confiscar 300 mil milhões de euros de ativos congelados do Banco Central da Rússia" e dirigi-los "exclusivamente para a defesa e reconstrução da Ucrânia, incluindo a recuperação das áreas afetadas pelo crime de ecocídio".
Para Pavlo Sadokha, "falta apenas vontade política para usar estes fundos" e obrigar desde já a Rússia a pagar a reconstrução da Ucrânia, em vez de se esperar pelo fim da guerra, que "infelizmente ainda vai demorar".
Em 29 de maio, o Governo ucraniano acusou a Rússia de causar 10 mil milhões de euros em danos às infraestruturas hídricas ucranianas, incluindo 3,5 mil milhões de euros da barragem de Kakhovka.
"O ambiente não tem fronteiras. A água não discrimina nações", declarou o ministro do Ambiente da Ucrânia, Ruslan Strilets.
A empresa estatal ucraniana Ukrhydroenergo, que administra as centrais hidroelétricas do país, previu que a construção de novas instalações em Kakhovka pode prolongar-se por mais de sete anos e custar cerca de 900 milhões de euros.
Desde o início da guerra na Ucrânia, a central nuclear de Zaporijia, a maior da Europa e que se encontra sob ocupação russa, tem estado em risco devido aos confrontos militares, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica, quase quatro décadas após o desastre na unidade Chernobyl, no norte do país, e que esteve igualmente sob ocupação nas primeiras semanas do conflito.
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