"Estamos à espera de chegar a um acordo para que, se tomarem a decisão de deportar, o façam diretamente", sublinhou o chefe de Estado mexicano durante a sua habitual conferência de imprensa, de acordo com o jornal 'La Jornada' citado pela agência Europa Press.
López Obrador garantiu que o México "não tem problemas" em acolher e tratar "muito bem" todos os migrantes, mas manifestou as suas dúvidas sobre a necessidade de realizar estas deportações de forma triangular desde os Estados Unidos através do México.
As declarações de López Obrador surgem apenas um dia depois de o Presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, ter anunciado uma série de novas medidas para evitar que os migrantes que atravessam ilegalmente a fronteira sul recebam asilo, facilitando assim as expulsões daqueles que não estão legalmente protegidos para permanecer em território dos Estados Unidos.
As medidas não serão permanentes e serão suspensas quando o número de migrantes que atravessam a fronteira for suficientemente baixo para que o sistema dos EUA possa lidar com isso de forma segura e eficaz.
Estão também incluídas exceções humanitárias, como menores não acompanhados, vítimas de tráfico ou doentes.
Biden e López Obrador tinham mantido na terça-feira uma conversa telefónica em que abordaram vários assuntos, desde as recentes eleições no México até à "parceria sólida e construtiva" entre ambas as nações para melhorar a cooperação em questões económicas, de imigração e de segurança.
López Obrador detalhou hoje que conversou aprofundadamente com Biden sobre a Guatemala, foco de migração regional, bem como sobre o apoio à América Central, Caraíbas e América Latina para enfrentar as causas da migração.
As medidas anunciadas por Biden, que geraram críticas de ativistas e acusações de aproveitamento eleitoral pelos republicanos, geraram também dúvidas sobre se poderão ser implementadas.
Por exemplo, o Governo norte-americano celebrou um acordo com o México no qual este país vizinho concorda em aceitar até 30.000 cidadãos por mês de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela, uma vez que lhes seja negada a entrada dos EUA, mas não se sabe se este procedimento continuará em vigor.
Também não ficou claro o que acontecerá aos cidadãos de outros países cuja entrada vier a ser negada pela diretiva de Biden.
A diretiva que entrou na terça-feira em vigor difere das diretivas que o ex-presidente republicano Donald Trump tinha colocado em prática - embora se tenha baseado nas mesmas disposições da Lei de Imigração -- incluindo a diretiva de 2017 que travava a entrada de cidadãos de países de maioria muçulmana.
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