"Somos o partido mais forte, alcançámos uma maioria esmagadora, mas com esta forte maioria que temos vem, naturalmente, a responsabilidade de dar início a todos os passos necessários para construir esta maioria para uma Europa forte e é nisto que vamos começar a trabalhar a partir de amanhã [segunda-feira]", declarou Ursula von der Leyen.
Reagindo no hemiciclo do Parlamento Europeu, em Bruxelas, aos resultados preliminares das eleições europeias que dão vitória sem maioria ao PPE (partido no qual se inclui o PSD e o CDS), a presidente da Comissão Europeia e candidata a um segundo mandato vincou: "Não temos tempo a perder, temos de construir as pontes que são necessárias".
Pelo segundo partido mais votado, o cabeça de lista dos Socialistas e Democratas (S&D, no qual está o PS) ao executivo comunitário, Nicolas Schmit, mostrou-se disponível para "uma forte cooperação com todas as forças democráticas deste parlamento".
"Estabelecemos essa cooperação desde o início e [...] estamos prontos a negociar um acordo para os próximos cinco anos para tornar a Europa mais forte, para tornar a Europa mais democrática, para tornar a Europa mais forte social e economicamente, mas também para a tornar mais segura", adiantou o também comissário europeu do Emprego e dos Direitos Sociais.
O Partido Popular Europeu e os Socialistas continuam a ser os dois partidos mais votados na assembleia europeia, segundo a projeção hoje divulgada em Bruxelas, mas precisam de dialogar com outros grupos, como os liberais, para uma maioria parlamentar.
Também em reações no hemiciclo, onde os jornalistas estiveram a fazer a cobertura da noite eleitoral, Bas Eickhout, dos Verdes (que incluem o Livre e o PAN), reconheceu insatisfação com os resultados, que fazem o grupo descer de quarto para sexto lugar no Parlamento Europeu, com uma projeção de 52 lugares.
"Os Verdes vão ter um papel construtivo e responsável. Os desafios são demasiado grandes para estarmos com jogos políticos. Precisamos de uma maioria estável para dar respostas aos cidadãos", sustentou, garantindo que a sua bancada está "disponível para assumir essa responsabilidade, dependendo do programa".
Pela Esquerda Europeia (do BE e PCP), que deverá ter 36 eleitos, o candidato principal, Walter Baier, considerou que "seria um grave erro interpretar mal o resultado da eleição para continuar como se nada tivesse acontecido e regressar às mesmas políticas de austeridade que abriram caminho para a extrema-direita, como em França e Áustria, onde ganhou um partido neofascista".
A sua bancada, salientou, está disponível para "qualquer tipo de reformas progressivas em cooperação com forças progressivas que permitam progressos para os trabalhadores, sustentabilidade social e ecológica e igualdade social".
Os liberais do Renovar a Europa, que também têm cabeça de lista, não quiseram reagir, depois de uma derrota em França que levou à dissolução do parlamento francês.
O Parlamento Europeu é a única instituição da União Europeia eleita por voto direto.
No total, cerca de 361 milhões de eleitores dos 27 países da UE foram chamados a escolher a composição do próximo Parlamento Europeu, entre quinta-feira e hoje, elegendo 720 eurodeputados, mais 15 que na legislatura anterior. A Portugal cabem 21 lugares no hemiciclo.
Nas anteriores eleições de 2019, foram eleitos 751 eurodeputados, quando o Reino Unido ainda fazia parte da UE, mas com a sua saída, passaram a existir 705 lugares.
Na legislatura que agora termina, o Partido Popular Europeu (PPE) tinha 176 eurodeputados, enquanto o Socialistas e Democratas (S&D, inclui o PS) tinha 139. Seguiam-se o Renovar a Europa (102), os Verdes (71), o Conservadores e Reformistas (ECR, 69) e o Identidade e Democracia (ID, 49). A Esquerda Europeia tinha 37 parlamentares e havia 62 eurodeputados não inscritos.
[Notícia atualizada às 00h08]
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