Cessar-fogo? Sim, se Kyiv abdicar da NATO e dos territórios ocupados

O Presidente russo, Vladimir Putin, prometeu hoje ordenar "imediatamente" um cessar-fogo na Ucrânia e iniciar negociações se Kyiv começasse a retirar as tropas das quatro regiões anexadas por Moscovo em 2022 e renunciasse aos planos de adesão à NATO.

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Lusa
14/06/2024 12:51 ‧ 14/06/2024 por Lusa

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"Assim que Kyiv (...) iniciar a retirada efetiva das tropas [das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia], e assim que notificar que está a abandonar os seus planos de aderir à NATO, daremos imediatamente, neste preciso momento, a ordem para cessar-fogo e iniciar as negociações", disse Putin aos funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Estas reivindicações constituem uma exigência de facto para a rendição da Ucrânia, cujo objetivo é manter a sua integridade territorial e soberania, mediante a saída de todas as tropas russas do seu território, além de Kyiv pretender aderir à aliança militar.

A Ucrânia não comentou de imediato a proposta de Putin.

Putin disse que a sua proposta tem como objetivo uma "resolução final" do conflito na Ucrânia, em vez de "congelá-lo", e sublinhou que o Kremlin está "pronto para iniciar negociações sem demora".

O líder russo enumerou como exigências mais amplas para a paz o estatuto não nuclear da Ucrânia, restrições à sua força militar e a proteção dos interesses da população de língua russa no país. Todas estas exigências deveriam fazer parte de "acordos internacionais fundamentais" e todas as sanções ocidentais contra a Rússia deveriam ser levantadas, afirmou Putin.

"Estamos a insistir para que se vire esta página trágica da história e se comece a restaurar, passo a passo, a unidade entre a Rússia e a Ucrânia e na Europa em geral", disse.

Estes comentários surgem quando os líderes do G7, principais países industrializados, se reúnem em Itália, num encontro em que participou o Presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, e na véspera da Cimeira da Paz, organizada pela Suíça, que vai reunir neste fim de semana dezenas de líderes mundiais - mas não de Moscovo - para tentar traçar os primeiros passos para a paz na Ucrânia.

Putin criticou a iniciativa suíça, considerando-a uma "manobra para desviar a atenção de todos" dos verdadeiros responsáveis pelo conflito, que, na sua opinião, são o Ocidente e as autoridades de Kyiv.

"A este respeito, gostaria de sublinhar que sem a participação da Rússia e sem um diálogo honesto e responsável connosco, é impossível alcançar uma solução pacífica na Ucrânia e para a segurança da Europa em geral", insistiu o Presidente russo.

Os comentários de Putin representaram uma rara ocasião em que expôs claramente as suas condições para pôr fim à guerra na Ucrânia, mas não incluíram quaisquer novas exigências. O Kremlin já disse anteriormente que Kyiv deve reconhecer as suas conquistas territoriais e desistir da sua candidatura à NATO.

Vladimir Putin proclamou a anexação das quatro regiões do leste e do sul da Ucrânia em setembro de 2022, para além da anexação da Crimeia em 2014.

O líder russo especificou que a Ucrânia deve entregar todos estes territórios à Rússia, apesar de Moscovo apenas os ocupar parcialmente.

Leia Também: Putin considera "um roubo" a utilização de ativos russos congelados

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