"Muitos países são obrigados a escolher entre pagar aos seus credores e investir nas suas economias e nas suas populações", afirmou William Ruto, durante a cimeira do G7, que decorre em Puglia, no sul de Itália, e cuja sessão de abertura foi dedicada a África, às alterações climáticas e ao desenvolvimento.
Ruto apelou ao Grupo dos Sete países ricos para que "defenda vigorosamente" uma revisão do sistema financeiro global para dar aos países do Sul "acesso a financiamento concessional, de longo prazo e flexível, bem como uma maior voz e papel na tomada de decisões".
O líder queniano insistiu que a vulnerabilidade dos países deve ser tida em conta na distribuição do financiamento. "Estamos a enfrentar desafios globais implacáveis a uma escala sem precedentes", afirmou.
O Corno de África é uma das regiões mais vulneráveis às alterações climáticas e os fenómenos meteorológicos extremos são cada vez mais frequentes e intensos. A região, que acaba de sair de uma seca devastadora que deixou milhões de pessoas à fome, registou, tal como a África Austral, chuvas torrenciais e inundações mortíferas entre março e maio, associadas ao fenómeno meteorológico El Niño.
"Só uma ação coletiva eficaz da comunidade internacional pode oferecer uma hipótese razoável de gerir e ultrapassar estes desafios", afirmou Ruto.
Ruto também apelou ao G7 para que "abrace" o pedido de reformas de África no Conselho de Segurança da ONU, onde o continente está a fazer pressão para obter um lugar permanente.
Os países em desenvolvimento há muito que se queixam de não terem voz ativa no Conselho, onde os cinco membros permanentes (Reino Unido, China, França, Rússia e EUA) têm poder de veto, argumentando que este desequilíbrio pode tornar o órgão obsoleto.
"Nenhuma instituição mundial pode pretender defender os valores universais da humanidade em 2024 enquanto perpetua a marginalização sistemática de 1,4 mil milhões de pessoas das 54 nações africanas", defendeu Ruto.
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