A Arábia Saudita e o Qatar defenderam a urgência de um plano político para acabar com a guerra na Ucrânia, com o ministro dos Negócios Estrangeiros saudita, Faisal bin Farhan, a sustentar que "qualquer processo credível requer a participação da Rússia".
"É importante que a comunidade internacional encoraje todos os passos no sentido de negociações sérias (...) e é essencial sublinhar que qualquer processo credível requer o envolvimento da Rússia", disse.
O ministro saudita recordou que Riade, aliado da Rússia, "manifestou a sua disponibilidade para mediar a resolução do conflito" e que "estes esforços foram bem sucedidos ao garantir a troca de dezenas de prisioneiros, incluindo vários estrangeiros".
Sublinhando que a sua presença na cimeira "decorre do compromisso de apoiar todos os esforços destinados a pôr termo a este conflito e a alcançar uma paz justa e sustentável", o ministro saudita manifestou a esperança de que a cimeira suíça "lance as bases para uma via política para resolver o conflito".
O representante saudita reiterou ainda que Riade continuará a manter "relações positivas com as duas partes" enquanto presta assistência humanitária à Ucrânia.
O primeiro-ministro do Qatar, Mohamed bin Abdulrahman, renovou o apelo para que as partes "cumpram a Carta das Nações Unidas e o direito internacional, respeitem a integridade territorial e a soberania dos países".
"No meio de um clima internacional de conflito, a importância de continuar a apelar a um cessar-fogo e a trabalhar para soluções pacíficas é mais clara agora do que em qualquer outro momento", disse.
Recordou que Doha acolheu conversações russo-ucranianas "para discutir a reunião de crianças ucranianas com as suas famílias na Ucrânia", e que "este esforço foi bem recebido pela Rússia".
Na mesma linha, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, lamentou a ausência da Rússia na cimeira e considerou que o resultado seria mais eficaz com todas as partes envolvidas à mesa.
"Esta cimeira seria mais frutuosa se a outra parte, a Rússia, estivesse presente na sala", disse durante o seu discurso na reunião.
O ministro garantiu que o seu país está a trabalhar ativamente para a paz, ao mesmo tempo que defende a integridade territorial da Ucrânia, e assegurou que a abordagem da Turquia é "realista".
Fidan afirmou que tanto a Rússia como a Ucrânia apresentaram planos de paz, mas ambas encaram as respetivas propostas como uma extensão do esforço de guerra.
"A cimeira de paz pode ser uma última oportunidade", alertou.
Nesse sentido, disse que existe o risco de a guerra se estender para além da Ucrânia e que pode acabar envolvendo o uso de armas de destruição em massa.
O Presidente do Quénia, William Ruto, defendeu, por seu lado, que tão ilegal como a agressão russa e a invasão da Ucrânia é o congelamento dos bens russos nos países ocidentais.
"A invasão da Rússia foi ilegal e inaceitável, mas a apropriação unilateral de bens é igualmente ilegal e mina a Carta das Nações Unidas", disse Ruto.
O Presidente considerou a cimeira como um "passo histórico na direção certa e a primeira vez que se falou de paz na Ucrânia e não de guerra".
No entanto, afirmou que "o compromisso com a paz torna inevitáveis algumas concessões fundamentais" e que a Rússia deve estar diretamente envolvida em quaisquer negociações de paz.
"É altura de ambas as partes mostrarem boa fé e suavizarem as suas posições", afirmou.
O Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, sublinhou o impacto negativo que este conflito teve nos mercados internacionais e a forma como afetou milhões de pessoas em África, atingindo os mais vulneráveis quando estes estavam a sair da crise causada pela pandemia de covid-19.
Akufo-Addo considerou que esta conferência sobre a paz na Ucrânia oferece uma nova plataforma para o diálogo e para abordar as complexidades deste conflito, entre as quais mencionou a necessidade de qualquer proposta de resolução ter em conta as preocupações de segurança tanto da Ucrânia como da Rússia, se se quiser alcançar uma paz duradoura.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Leia Também: Paz "não pode ser uma capitulação ucraniana", defende Macron