O texto foi apoiado pela grande maioria dos participantes e reafirma "os princípios da soberania, da independência e da integridade territorial de todos os Estados, incluindo a Ucrânia".
"Acreditamos que alcançar a paz exige a participação e o diálogo entre todas as partes", refere a declaração do encontro, que decorreu entre sábado e hoje nos arredores de Lucerna, na Suíça.
"Decidimos, portanto, tomar medidas concretas no futuro para envolver representantes de todas as questões mencionadas neste comunicado final", acrescentam os subscritores, que defendem o cumprimento da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) e do direito internacional para "uma paz duradoura e justa".
Os signatários pedem ainda que as instalações nucleares ucranianas sejam retiradas do conflito e que as outras instalações devem funcionar de maneira segura e protegida.
Pedem também uma navegação comercial "livre, plena e segura e o acesso aos portos marítimos e dos mares Negro e Azov", e condenam os ataques a navios mercantes nos portos, segundo a Europa Press.
"A segurança alimentar não deve ser transformada numa arma de qualquer tipo. Os produtos agrícolas ucranianos devem ser entregues de forma segura e gratuita aos países terceiros interessados", acrescentam.
Mais de uma centena de delegações de vários países e entidades estiveram reunidos no sábado e hoje na estância de Burgenstock.
Em declarações aos jornalistas depois de intervir na derradeira sessão plenária, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu o "alargamento a novos parceiros".
"Este é um passo, há outros passos, e nos outros passos é bom que haja o alargamento a novos parceiros, naquela expressão que provavelmente o comunicado vai adotar 'all parties' [todas as partes]. E eu acrescentei que, em rigor, deviam ter estado já aqui neste primeiro passo, mas poderão estar em passos seguintes", afirmou o chefe de Estado.
Questionado sobre quem mais deve ser envolvido no processo, Marcelo, sem mencionar explicitamente a Federação Russa, respondeu que as conversações devem ser alargadas a "todas as partes envolvidas" diretamente no conflito.
Na sexta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, prometeu ordenar imediatamente um cessar-fogo na Ucrânia e iniciar negociações se Kyiv começasse a retirar as tropas das quatro regiões anexadas por Moscovo em 2022 e renunciasse aos planos de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).
As reivindicações constituem uma exigência de facto para a rendição da Ucrânia, cujo objetivo é manter a sua integridade territorial e soberania, mediante a saída de todas as tropas russas do seu território, além de Kyiv pretender aderir à aliança militar.
As condições colocadas por Moscovo foram rejeitadas de imediato pela Ucrânia, pelos Estados Unidos da América e pela NATO.
A conferência para a paz na Ucrânia, organizada pela Suíça na sequência de um pedido do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, juntou representantes de quase uma centena de países e organizações - metade dos quais da Europa -, mas foram várias as ausências (foram dirigidos convites a 160 delegações de todo o mundo).
A ausência de maior peso foi a da Rússia, que lançou a guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022. Contou com a 'solidariedade' de vários países, que rejeitaram participar na cimeira dada a sua ausência, como sucedeu com a China.
[Notícia atualizada às 15h13]
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