As manifestações registam-se em vários pontos do país, mas com especial foco na capital Nairobi, e são lideradas, em grande parte, por jovens.
O movimento, lançado nas redes sociais, não tem "quadro político", mas exige a retirada imediata do projeto de lei de finanças do Governo do Presidente, William Ruto.
"A Geração Z está a dar o dia de folga a todos os quenianos que trabalham arduamente. Os pais estão a manter os seus filhos em casa por solidariedade", pode ler-se num comunicado partilhado 'online'.
Na quinta-feira, as manifestações foram marcadas por confrontos isolados com a polícia, que disparou granadas de gás lacrimogéneo e canhões de água, nomeadamente no centro de negócios de Nairobi.
Pelo menos 200 pessoas ficaram feridas, de acordo com várias organizações, incluindo a Amnistia Internacional do Quénia, e uma pessoa morreu devido a um alegado disparo da polícia.
A Autoridade Independente de Supervisão da Polícia anunciou hoje, em comunicado, que tinha "lançado uma investigação" para determinar as circunstâncias da morte de um homem "alegadamente em resultado de disparos da polícia".
A polícia queniana foi acusada de graves violações dos direitos humanos no passado.
No ano passado, os protestos da oposição contra o elevado custo de vida conduziram a pilhagens e a confrontos mortais no Quénia, provocando a morte de pelo menos 50 pessoas, segundo organizações não-governamentais.
O projeto de orçamento está atualmente a ser debatido no parlamento, com vista a uma votação final antes de 30 de junho.
Na sequência de uma primeira manifestação, que reuniu centenas de pessoas em Nairobi na terça-feira, o Governo retirou a maior parte das disposições do projeto de orçamento, nomeadamente a introdução de um IVA de 16% sobre o pão e de um imposto sobre os automóveis particulares.
Todavia, os manifestantes denunciam igualmente a intenção do Governo de compensar as reduções de impostos anunciados com outras medidas fiscais (nomeadamente o aumento dos impostos sobre os combustíveis e os produtos exportados).
Na sua opinião, esta medida ameaça reduzir o seu poder de compra, já afetado pelos aumentos do imposto sobre o rendimento e das contribuições para a saúde no ano passado, bem como pela duplicação do IVA sobre a gasolina.
Para o Governo, estas medidas fiscais são necessárias para devolver ao país, altamente endividado, alguma margem de manobra.
O Quénia, uma das economias de crescimento mais rápido da África Oriental, registou uma inflação homóloga de 5,1% em maio, com os preços dos alimentos e dos combustíveis a aumentarem 6,2% e 7,8%, respetivamente, de acordo com o Banco Central.
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