Egito suspende licenças de 16 operadoras turísticas após mortes em Meca

As autoridades egípcias ordenaram a suspensão imediata das licenças de 16 empresas de turismo envolvidas em peregrinações irregulares durante o 'Hajj' deste ano em Meca, em que terão morrido perto de mil fiéis devido às altas temperaturas.

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© Lokman Akkaya/Anadolu via Getty Images

Lusa
22/06/2024 15:35 ‧ 22/06/2024 por Lusa

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Meca

"Pelo menos 16 empresas de turismo defraudaram e transferiram ilegalmente peregrinos, aos quais não prestaram qualquer serviço", segundo um comunicado publicado pelo gabinete do primeiro-ministro egípcio, Mustafa Madbuli, na sua página na internet.

"Por conseguinte, o primeiro-ministro deu instruções para retirar rapidamente as licenças.

O Egito calcula que 50.752 peregrinos tenham viajado regularmente para a Arábia Saudita durante a viagem a Meca, Arábia Saudita, mas não há forma de saber quantos o fizeram por vias não legais.

Mais de 900 peregrinos muçulmanos morreram durante a peregrinação anual do Hajj a Meca, marcada por altas temperaturas que chegaram a 52 graus Celsius, segundo uma compilação de dados com base em várias fontes divulgada hoje pela agência noticiosa EFE.

O Egito é o país mais afetado, com pelo menos 325 peregrinos mortos, a maioria devido a insolação, disse à EFE uma fonte médica sob condição de anonimato, apesar de o governo do país árabe ter reconhecido apenas 28 como pertencentes à sua delegação oficial.

No entanto, a mesma admitiu que está a ser difícil compilar dados sobre todos os seus nacionais, uma vez que um grande número viajou para cumprir o ritual, que terminou na passada quarta-feira, de forma irregular, em referência ao facto de não terem sido incluídos nas quotas de pessoas definidas pela Arábia Saudita para cada país e que viajam em missões oficiais.

O Egito formou uma célula de crise para acompanhar esta questão, chefiada pelo primeiro-ministro do país.

Tanto o Egito como a Jordânia, que registou pelo menos 75 mortos, acusaram "indivíduos e agências" de facilitarem estas viagens irregulares e prometeram puni-los.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Jordânia reconheceu que os seus cidadãos falecidos morreram devido ao "calor extremo".

A Arábia Saudita emite autorizações e vistos para cada país participar no ritual. No entanto, devido ao elevado custo desta viagem, que tem um custo médio de 5.000 dólares (4.675 euros) por pessoa, muitos optam por outras rotas que o reino saudita considera ilegais.

Os fiéis que viajaram de forma não oficial, por exemplo com vistos de turista, não tiveram acesso a instalações e tendas com ar condicionado durante a peregrinação, deixando as ruas da cidade mais sagrada do Islão como único refúgio do calor extremo.

O reino saudita saudou o "sucesso" da peregrinação e está a gastar milhões de dólares para acolher os fiéis, recusando responsabilidade das autoridades.

"O Estado não falhou, mas houve um erro de julgamento por parte de pessoas que não mediram os riscos envolvidos", disse o responsável à agência noticiosa France-Presse (AFP).

Na Tunísia, que registou 49 mortes, já houve consequências políticas.

O Presidente do país, Kais Said, demitiu o ministro dos Assuntos Religiosos, Ibrahim al Shaibi, na sexta-feira, pouco depois de ter sido conhecido o número de fiéis tunisinos mortos no "Hajj".

O segundo país mais afetado foi a Indonésia, com cerca de 200 mortos, seguida da Índia com 98, da Malásia com 34 e do Bangladesh com 31.

Marrocos anunciou pelo menos 20 mortes, enquanto o governo do Curdistão iraquiano registou 19 mortes durante a peregrinação.

Outros países como o Irão, a Líbia, os Países Baixos, os Estados Unidos e a Síria também anunciaram mortes.

No entanto, na grande maioria dos comunicados, não são indicadas as causas de morte destes fiéis e o número poderá aumentar nos próximos dias.

A AFP fez uma outra contabilização e na sexta-feira estimava já mais de 1.100 mortos.

O 'Hajj' é um dos cinco pilares do Islão e é obrigatório, pelo menos uma vez na vida, para todos os muçulmanos cuja saúde e recursos o permitam.

Leia Também: EUA, Qatar e Egito a "examinar os detalhes" de proposta de cessar-fogo

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