"Veredicto indiscutível"? Extrema-direita diz sim, o resto tenta que não

Em 30 anos, nunca tantos franceses tinham votado numa primeira volta, sendo este um sinal de que as eleições geraram um grande interesse. Resultados vão ao encontro dos que foram obtidos nas Europeias e que levaram o presidente, Emmanuel Macron, a dissolver a Assembleia Nacional.

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© LUDOVIC MARIN/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
01/07/2024 09:03 ‧ 01/07/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

França

França foi a votos no domingo e a afluência que se deu logo pela manhã (até ao meio-dia já tinham votado 25% dos eleitores) já dava indícios daquilo que mais tarde se viria a confirmar: Uma viragem na direção da Extrema-direita, que vai 'obrigar' alguns dirigentes a sacrificarem-se para travar este caminho.

Em causa estão os resultados da União Nacional (Rassemblement National, RN) de Marine Le Pen e Jordan Bardella, que arrecadaram 33,15% dos votos, de acordo a informação do Ministério do Interior francês.

A coligação que reúne vários partidos de Esquerda, a Nova Frente Popular (Nouveau Front Populaire) ficou em segundo lugar, com 27,99%. A coligação Ensemble, do presidente Emmanuel Macron, ficou em terceiro com 20,83%.

União Nacional lidera, mas franceses ainda têm de voltar às urnas

Segundo as projeções para a segunda volta, a União Nacional e os seus aliados podem alcançar a maioria absoluta da Assembleia Nacional. É de notar que as informações mais recentes dão conta de que a participação terá sido entre 65,8% e 69%, o valor mais elevado numa primeira volta nas eleições legislativas desde 1981, um sinal do grande interesse que gerou entre os franceses.

A elevada participação dos eleitores parece refletir o ambiente de grande agitação face às sondagens que apontam para uma vitória da União Nacional, de Marine Le Pen e Jordan Bardella.

E as reações?

Bloco 'macronista' aniquilado" e "veredicto indiscutível"

As primeiras projeções, que davam esta liderança do partido de Extrema-Direita não se enganaram, e face aos resultados, as reações não tardaram, com a líder da União Nacional, Marine Le Pen, a não só regozijar-se com o resultado do seu partido, como a atacar o de Emmanuel Macron. Le Pen considerou que os franceses mostraram "o seu desejo de virar a página de sete anos de poder desdenhoso e corrosivo" do chefe de Estado e que o "bloco 'macronista'" foi "praticamente aniquilado"

"Não há nada mais normal do que a alternância política, para isso, precisamos de uma maioria absoluta", por forma a não deixar alternativa ao presidente Emmanuel Macron que não seja a de nomear o candidato do RN, Jordan Bardella, à liderança do governo, afirmou a líder, apelando ao voto dos franceses.

O mesmo discurso teve o aliado de Le Pen, Jordan Bardella, que disse ainda que já com a primeira volta os franceses deram um "veredicto indiscutível" e mostraram que "claramente querem uma mudança". Bardella defendeu que, com os resultados de hoje, a coligação presidencial [Ensemble] "já não pode ganhar" as legislativas, pelo que França tem agora uma escolha entre "dois caminhos: de um lado, a aliança do pior, a Nova Frente Popular, unidos atrás do Jean-Luc Mélenchon, que levaria o país à desordem, à insurreição e à ruína e do outro, a União Nacional".

Bardella falava da coligação que ficou em segundo lugar, acima do partido de Macron. Mas em reação aos resultados, os dirigentes da Nova Frente Popular Jean-Luc Mélenchon e Olivier Faure anunciaram que vão retirar as suas candidaturas nas circunscrições em que ficaram em terceiro lugar e onde existe risco de ganhar a extrema-direita francesa.

Apesar de o duelo final ser entre a Nova Frente Popular e a União Nacional, nos casos em que houver circunscrições com três candidatos a NFP retirará todos os seus candidatos que tenham ficado na terceira posição, para evitar dividir os votos e travar a vitória da Extrema-Direita.

Nova Frente Popular vai retirar candidatos para barrar extrema-direita

Nova Frente Popular vai retirar candidatos para barrar extrema-direita

Os dirigentes da Nova Frente Popular Jean-Luc Mélenchon e Olivier Faure anunciaram hoje que vão retirar as suas candidaturas nas circunscrições em que ficaram em terceiro lugar e onde existe risco de ganhar a extrema-direita francesa.

Lusa | 20:43 - 30/06/2024

"Há que dar uma maioria absoluta à NFP, que chega como a única alternativa" à extrema-direita, alegou Mélenchon, mostrando-se otimista quanto a uma melhoria do resultado da força que integra na segunda volta, que decorrerá domingo, a 7 de julho.

"Nem um único voto"

Já o primeiro-ministro, que tomou posse ainda este ano, e candidato pela coligação presidencial, Gabriel Attal, apelou aos eleitores para que não deem "nem um único voto" ao partido de extrema-direita União Nacional, que ficou à frente na primeira volta das eleições legislativas. "Digo isto com a força com que apelo a todos e a cada um dos nossos eleitores, nem um voto deve ir para a União Nacional, nestas circunstâncias, França merece que nunca hesitemos", disse Gabriel Attal, numa intervenção após a projeção dos resultados das eleições legislativas, em Paris.

Já o presidente, Emmanuel Macron, pediu "uma união ampla claramente democrática e republicana" contra a Extrema-Direita na segunda volta das legislativas, em face da ampla vitória desta apontada pelas primeiras projeções.

Macron pede

Macron pede "união ampla claramente democrática" contra a extrema-direita

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu hoje "uma união ampla claramente democrática e republicana" contra a extrema-direita na segunda volta das legislativas, em face da ampla vitória desta apontada pelas primeiras projeções.

Lusa | 19:27 - 30/06/2024

Já, François Hollande, o ex-presidente e candidato nas legislativas francesas pela coligação de esquerda Nova Frente Popular apelou à "união mais ampla possível" para a segunda volta contra a Extrema-direita. Hollande atirou ainda que é preciso ter "consciência" de que a união é necessária para impedir uma eventual maioria absoluta da extrema-direita na Assembleia Nacional. Esta união deve ser "o mais ampla possível", disse no domingo.

O que levou a estas eleições?

Após o resultados das eleições europeias, que deu 31,5% dos votos à RN, Macron decidiu dissolver a Assembleia Nacional. "Não posso agir como se nada tivesse acontecido", disse o chefe de Estado quando na noite em que foram conhecidos os resultados, a 9 de junho. Durante o seu discurso, o presidente francês considerou ainda que o resultado em causa "não é bom para os partidos que defendem a Europa".

Macron fala ao país após dissolver o parlamento:

Macron fala ao país após dissolver o parlamento: "Única solução"

O Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou hoje à união de todos aqueles que "disseram não aos extremos" para derrotar a extrema-direita nas eleições legislativas antecipadas, marcadas para 30 de junho.

Notícias ao Minuto com Lusa | 10:32 - 12/06/2024

Leia Também: Protestos contra extrema-direita em várias cidades em França. Eis o vídeo

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