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Trabalhistas querem política externa baseada em "realismo progressivo"

O deputado do Partido Trabalhista britânico, David Lammy, reconhecido como "ministro sombra" para os Negócios Estrangeiros, prometeu hoje um "realismo progressivo" na política externa do Reino Unido se o 'Labour' ganhar as eleições legislativas de 04 de julho.

Trabalhistas querem política externa baseada em "realismo progressivo"
Notícias ao Minuto

15:29 - 01/07/24 por Lusa

Mundo Reino Unido

"Estou profundamente consciente dos desafios nesta altura", afirmou o deputado do 'Labour' (Partido Trabalhista) durante uma conferência de imprensa em Londres, mencionando o atual cenário internacional marcado por um "mundo mais dividido, conflito e guerra na Europa e enormes desafios em Israel, Gaza e Sudão e outras partes do mundo".

E descreveu o conceito de realismo progressivo: "Um olhar para o mundo como é e não como desejaríamos que fosse e fazer o nosso melhor para fins progressistas, mas também para a paz mundial, segurança e prosperidade".

Os britânicos são chamados às urnas na próxima quinta-feira e o 'Labour', liderado por Keir Starmer, tem surgido de forma destacada nas sondagens, que já chegaram a antever uma vantagem na ordem dos 20 pontos percentuais em relação ao Partido Conservador, no poder desde 2010.

O previsto sucessor do atual chefe da diplomacia britânica, David Cameron, se os trabalhistas ganharem as eleições de quinta-feira, adiantou que o partido já está a fazer preparativos para a transição com funcionários públicos, tendo em conta o "calendário intenso" das cimeiras da NATO, de 09 a 11 de julho em Washington, e da Comunidade Política Europeia (CPE) em Oxford (Inglaterra), em 18 de julho.

Se o Partido Trabalhista for confirmado vencedor, Lammy será acompanhado pelo potencial futuro primeiro-ministro, Keir Starmer, e pelo "ministro sombra" da Defesa, John Healey, à cimeira da NATO, onde espera que seja reiterado o apoio à Ucrânia. 

Sobre a CPE, o deputado disse que Starmer está ansioso para participar neste fórum e discutir a segurança europeia e a visão para as relações com a União Europeia (UE).

Lammy enfatizou o "enorme potencial" do Reino Unido para intervir a nível internacional, nomeadamente através do lugar no Conselho de Segurança da ONU (é um dos cinco membros permanentes com poder de veto) e da Commonwealth (organização que congrega Estados e territórios que integraram no passado o império colonial britânico).

O representante trabalhista comprometeu-se ainda a trabalhar em conjunto com os países árabes do Médio Oriente para alcançar a paz na região e uma solução de dois Estados, Israel e Palestina, ao mesmo tempo que frisou a importância de os reféns israelitas capturados pelo movimento islamita palestiniano Hamas durante o ataque de outubro passado serem libertados. 

O deputado prometeu igualmente uma "reinicialização" da relação com a UE através de um acordo de segurança "amplo e ambicioso", que inclua matérias como a energia, ambiente, e capacidade industrial na área da defesa.

"Espero que possamos voltar a um diálogo estrutural com a União Europeia regularmente. Os assuntos de preocupação, a situação de segurança que enfrentamos, a volatilidade que vemos na comunidade internacional implica que trabalhemos juntos", prosseguiu.

Nesta conferência de imprensa em que traçou as ambições trabalhistas para a política externa, David Lammy assegurou ainda que o potencial futuro governo britânico quer ter uma "abordagem mais consistente nas relações com um país tão importante como a China", defendendo a cooperação na questão do ambiente, saúde e comércio.

Mas, o representante também reconheceu existirem divergências ao nível da segurança nacional. 

"O importante é que estamos a dialogar com a China, e estou surpreendido com a falta de diálogo deste Governo, a falta de visitas ministeriais significativas à China, numa altura em que os Estados Unidos e os europeus parecem estar muito ativos", frisou.

Lammy sugeriu uma "auditoria" à relação com a China transversal a todo o governo, mas salientou que a posição sobre a autonomia da ilha de Taiwan mantém-se, manifestando "preocupação com a agressão no Estreito de Taiwan".

Pequim considera Taiwan parte do território da República Popular da China e ameaça usar a força se Taipé declarar a independência.

[Notícia atualizada às 15h55]

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