As vítimas deste naufrágio são "na sua maioria mulheres e crianças" que perderam a vida no estado de Sennar, declarou o Comité de Resistência local em comunicado, sem indicar a data.
"Famílias inteiras" morreram quando tentavam fugir do recente avanço paramilitar na região, acrescentou o grupo pró-democracia, que documenta e organiza a ajuda mútua entre os residentes.
Este último drama ocorre numa altura em que as Forças de Apoio Rápido (RSF) paramilitares, em guerra com o exército, têm feito incursões significativas nesta vasta região do Sudão desde o final de junho, à custa de violentos combates.
Segundo as autoridades locais do estado de Gedaref, estima-se que 120.000 pessoas deslocadas tenham chegado recentemente a Gedaref, um estado vizinho de Sennar que foi relativamente poupado à violência. Destes, 90.000 foram oficialmente registados, segundo o que a mesma fonte revelou hoje.
Na segunda-feira, o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) informou que mais de 55.000 pessoas tinham fugido da cidade de Sinja, a capital de Sennar, onde mais de meio milhão de pessoas se refugiara para escapar à guerra.
No sábado, a RSF anunciou que tinha tomado o controlo de uma base estratégica do exército em Sinja, desencadeando uma grave crise humanitária, com muitos habitantes a fugirem em pequenos barcos de madeira no Nilo.
A maior parte deles convergiu para Gedaref, que já alberga mais de 600.000 pessoas deslocadas, segundo a ONU.
No outro extremo do país, as RSF tentam há cerca de dois meses tomar o controlo da cidade de el-Facher, capital do estado do Darfur do Norte e a única capital dos cinco estados do Darfur que ainda não escapou aos paramilitares.
Na quarta-feira, os paramilitares bombardearam um mercado da cidade, "matando 15 civis e ferindo outros 29", disse hoje Ibrahim Khater, diretor-geral do Ministério da Saúde no Darfur Norte, à agência de notícias France-Press (AFP).
De acordo com um relatório dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) de 24 de junho, a violência em el-Facher causou a morte de 260 pessoas.
Desde abril de 2023, uma guerra opõe o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, às RSF do seu antigo adjunto e rival, o general Mohamed Hamdane Daglo.
Catorze meses de conflito no Sudão causaram dezenas de milhares de mortos e deslocaram mais de nove milhões de sudaneses.
Ambas as partes foram acusadas de crimes de guerra por terem deliberadamente atingido civis e bloqueado a ajuda humanitária.
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