Falando à porta do número 10 de Downing Street, sede do Governo em Londres, Starmer garantiu que tudo fará para que os britânicos acreditem no futuro.
"O meu governo vai fazer-vos acreditar de novo. O trabalho para a mudança começa imediatamente. Vamos reconstruir o Reino Unido. Tijolo a tijolo, vamos reconstruir a infraestrutura de oportunidades", disse Starmer enquando os seus apoiantes o aplaudiam.
Starmer falou depois de ter entrado juntamente com a mulher, Victoria, na residência de 10 Downing Street sob aplausos e de ter apertado a mão aos apoiantes.
O novo primeiro-ministro discursou no mesmo local, no exterior da casa, onde o primeiro-ministro cessante, Rishi Sunak, tinha proferido o seu discurso de despedida cerca de duas horas antes.
O discurso foi proferido pouco depois de o Rei Carlos III lhe ter pedido para formar governo durante uma cerimónia privada no Palácio de Buckingham, conhecida como o "beija mão", na qual Starmer se tornou oficialmente primeiro-ministro.
Quando faltava atribuir dois dos 650 lugares, os trabalhistas tinham conseguido 412 deputados, uma margem significativa em relação aos 326 necessários para ter uma maioria no parlamento, segundo resultados provisórios divulgados pela televisão britânica BBC.
Os conservadores seguiam com 121 deputados e os liberais democratas com 71.
Relativamente às eleições anteriores, os trabalhistas elegeram até agora mais 211 deputados, os conservadores perderam 250 e os liberais democratas ganharam 63, de acordo com a BBC.
Na intervenção de hoje, Starmer insistiu que irá liderar um "governo de serviço" numa missão de renovação nacional, depois de o Partido Trabalhista ter chegado ao poder com uma vitória esmagadora, após mais de uma década na oposição.
Starmer reconheceu que muitas pessoas estão desiludidas e cínicas em relação à política, mas disse que o seu governo tentará restaurar a fé no governo.
Starmer tomou posse da residência oficial cerca de duas horas depois de o líder conservador Rishi Sunak e respetiva família terem abandonado a residência oficial e de o rei ter aceite a demissão do líder conservador.
"Este é um dia difícil, mas deixo este cargo honrado por ter sido primeiro-ministro do melhor país do mundo", disse Sunak no discurso de despedida.
Sunak tinha admitido a derrota ao início da manhã, afirmando que os eleitores tinham dado um "veredicto preocupante".
No mesmo local onde tinha convocado as eleições antecipadas seis semanas antes, Sunak desejou sucesso a Starmer, mas também reconheceu os seus erros.
"Ouvi a vossa raiva, a vossa desilusão e assumo a responsabilidade por esta derrota", disse Sunak.
"A todos os candidatos conservadores e a todos os ativistas que trabalharam incansavelmente, mas sem sucesso, lamento que não tenhamos podido dar o que os vossos esforços mereciam", acrescentou.
Para Starmer, trata-se de um triunfo maciço que trará enormes desafios, uma vez que enfrenta um eleitorado cansado e impaciente por mudanças, num cenário sombrio de mal-estar económico, desconfiança crescente nas instituições e um tecido social desgastado.
"Penso que vamos ter de nos habituar novamente a um governo relativamente estável, com os ministros a permanecerem no poder durante bastante tempo e com o governo a ser capaz de pensar para além do muito curto prazo, com objectivos a médio prazo", afirmou.
A Grã-Bretanha tem vivido uma série de anos turbulentos - alguns dos quais da responsabilidade dos conservadores e outros não - que deixaram muitos eleitores pessimistas quanto ao futuro do país.
A saída do Reino Unido da União Europeia, seguido da pandemia de Covid-19 e da invasão da Ucrânia pela Rússia, abalou a economia, enquanto as festas de confinamento organizadas pelo então primeiro-ministro Boris Johnson e pela sua equipa provocaram a ira generalizada.
O aumento da pobreza, as infraestruturas em ruínas e a sobrecarga do Serviço Nacional de Saúde deram origem a queixas sobre a "Grã-Bretanha avariada".
A sucessora de Johnson, Liz Truss, abalou ainda mais a economia com um pacote de cortes drásticos nos impostos e durou apenas 49 dias no cargo. Truss, que perdeu o seu lugar para o Partido Trabalhista, foi uma de uma série de conservadores de topo expulsos num duro ajuste de contas eleitoral.
Embora o resultado pareça contrariar as recentes mudanças eleitorais à direita na Europa, incluindo em França e Itália, muitas dessas mesmas correntes populistas fluem no Reino Unido.
O líder do Reform UK, Nigel Farage, agitou a corrida com o sentimento anti-imigrante do seu partido, "recuperem o nosso país", e reduziu o apoio aos conservadores, tendo mesmo conquistado alguns eleitores aos trabalhistas.
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