Apoiantes da União Nacional desiludidos com resultado e "truques de Macron"
Apoiantes da União Nacional que estiveram hoje no pavilhão onde decorreu a noite eleitoral do partido manifestaram-se desiludidos com o resultado das legislativas, atribuindo-os aos "truques do [Presidente] Macron", mas recusaram que seja "mau presságio" para as presidenciais.
© Carl Court/Getty Images
Mundo França
Depois de terem ganho a primeira volta das eleições legislativas francesas e de todas as sondagens terem antecipado a sua vitória esta noite, os militantes no pavilhão Chesnaye du Roi, no sudeste de Paris, manifestaram desilusão com o resultado do partido, mas recusaram que possa ser encarado como uma derrota.
"Apesar de tudo, foi preciso haver alianças esquisitas entre tantos partidos só para conseguir abater um. Acho que isso é muito relevador: é uma vitória, porque reconhecem que a União Nacional (Rassemblement National, em francês) tem agora muito poder", diz à Lusa a militante Luna, de 20 anos, com uma bandeira de França numa mão e um copo de champanhe na outra.
Os "truques do senhor Macron" também são a principal razão que Rosa, de 53 anos, aponta para o terceiro lugar da União Nacional esta noite, considerando que as desistências de candidatos de esquerda e da coligação presidencial para "fazer frente" à extrema-direita têm contornos antidemocráticos.
"Estou desagradavelmente surpreendida e muito desiludida. Isto só se deve à aliança que a 'macronia' fez com a Nova Frente Popular. Sinceramente, acho que o senhor Macron não respeitou a democracia do país", refere Rosa que, por sua vez, assume que o resultado de hoje "foi uma derrota, mas não significa o fim da guerra" para o partido que apoia.
Apesar de a maioria dos militantes da União Nacional entrevistados pela Lusa atribuírem o resultado à política de desistências da esquerda e da coligação presidencial, Áurea, de 53 anos e nacionalidade portuguesa, considera que se deve sobretudo "aos 'grandes media'".
"Este resultado negativo deve-se ao sistema, que é gerido pelos grandes 'media', porque inventaram agora esse conceito de 'extrema-direita'. Não existe 'extrema-direita' nenhuma, existem pessoas que valorizam alguns princípios e outras que valorizam outros", diz à Lusa esta apoiante da União Nacional e do português Chega, que não pode votar em França por não ter a nacionalidade.
Após este resultado com um sabor amargo, a maioria dos militantes aponta agora baterias para as eleições presidenciais de 2027, salientando que o facto de o partido ter duplicado esta noite o seu número de deputados é um "grande presságio".
"Só mostra que os franceses têm cada vez mais confiança em nós. Conseguimos ser ouvidos e ter mais deputados, que nos vão ajudar a ultrapassar o nosso limiar máximo. Portanto, acho que é um trampolim para 2027", refere à Lusa Alexandre, de 31 anos, militante de Paris.
Mais comedida, Laurie, de 33 anos, considera que o resultado desta noite "permitiu à União Nacional crescer", apesar de achar que "ainda vai faltar um bocadinho" para que o partido chegue "às portas do poder". Agora, esta militante de Essonne está sobretudo preocupada com o futuro da França, após a vitória da coligação de esquerda.
"Tenho muito medo e uma grande preocupação, sobretudo com o que vai acontecer à França. São uma aliança sem sentido nenhum e, infelizmente, não acho que ofereçam nenhuma solução concreta para a maioria dos franceses", diz.
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