"Estou aqui para celebrar com toda a gente que partilha os mesmos valores e convicções políticas que eu, a vitória da esquerda, que é histórica, o que significa que ainda há esperança para a França", disse à Lusa Maria, de 27 anos.
Na praça La Rotunde Stalingrad, no 19º bairro de Paris, local onde a França Insubmissa (LFI) organizou a sua noite eleitoral, apoiantes e militantes permaneceram para festejar após o anúncio dos resultados que deram a vitória à coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP).
Para Maria, que decidiu juntar-se à celebração apesar de ainda não ter votado por ter nacionalidade russa, "a maioria relativa já não é má, é suficiente", tornando possível uma coabitação do Presidente centrista Macron com um primeiro-ministro de esquerda.
"A França é o país que quero construir o meu futuro, como estrangeira, vim para a França há cinco anos, e estou no processo de ter nacionalidade francesa, então estas eleições foram muito importantes para mim e espero o melhor para o futuro e para as eleições presidenciais em 2027", disse
Esta noite "é um progresso, não estou a dizer que é um resultado perfeito, porque há a possibilidade de uma aliança, sabe, não há maioria absoluta, mas não deixa de ser um resultado tranquilizador, porque não se nota pela voz, mas eu sou negro, como muita gente, sou francês de origem imigrante e é verdade que houve alguns dias bastante 'stressantes' em que nos perguntámos como é que as coisas iam correr politicamente", disse à Lusa Pierre-Emeric, de 28 anos.
Segundo Pierre-Emeric, apoiante da LFI e do seu líder Jean-Luc Mélenchon, o resultado do coligação é promissor, porque "a ideia é ter uma verdadeira alternativa de esquerda e não apenas refazer alianças, refazer um 'macronismo 2.0' m", sem alianças com o Presidente francês.
Para primeiro-ministro, "não gostaria que fosse [Jean-Luc Mélenchon], levou o seu tempo e não é necessariamente primeiro-ministro, a política não se resume a cargos importantes", afirmou Pierre-Emeric.
Antoine, de 36 anos, considera que a vitória da coligação de esquerda foi "uma grande surpresa" e "um milagre", devido à ascensão da extrema-direita, que apresentava os melhores resultados nas sondagens pré-eleitorais.
"Pensei que ia ficar deprimido esta noite e é uma enorme esperança em França", disse à Lusa Antoine, referindo estar muito feliz, que os franceses estão "estamos empenhados em viver juntos e em criar esperança para o futuro e para a Europa".
Antoine acredita que será "difícil governar" e na sua opinião será decidido "projeto a projeto" com alguns impasses, e espera que o novo governo dê prioridade às políticas sociais e ecológicas
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