"Não tenho conhecimento de qualquer discussão por parte de qualquer organização ou instituição europeia que tenha como objetivo encurtar a presidência húngara ou alterar a rotatividade em qualquer sentido", disse hoje o ministro dos Assuntos Europeus da Hungria, János Bóka, num encontro com jornalistas europeus, incluindo a Lusa, em Bruxelas.
"Esta proposta não está atualmente em cima da mesa", acrescentou.
A 01 de julho, a Hungria assumiu a presidência rotativa do Conselho da UE, que vai liderar até final do ano, e desde então o primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, já realizou deslocações oficiais à Ucrânia (no início da semana passada), à Rússia (sexta-feira), ao Azerbaijão e países vizinhos (no fim de semana) e à China (esta segunda-feira).
As visitas geraram várias críticas em Bruxelas e as garantias de que as iniciativas têm ocorrido no quadro das relações bilaterais e não em representação europeia.
Ainda antes do arranque da presidência húngara, algumas organizações não-governamentais e eurodeputados tentaram impedir que a Hungria assumisse a presidência rotativa do Conselho da UE pelas controversas posições de Viktor Órban em questões o desrespeito pelo Estado de direito europeu e a rejeição de apoio militar e financeiro à Ucrânia face à invasão russa.
Perante as mais recentes polémicas, responsáveis em Bruxelas discutiram ideias como a de encurtar estes seis meses de presidência ou de alterar a rotatividade da presidência do Conselho da UE para outro país, que János Bóka diz desconhecer.
Rejeitando qualquer "animosidade para com o resto da UE", o ministro húngaro justificou as visitas como realizadas num quadro de "uma série de reuniões bilaterais que os Estados-membros realizam durante ou antes e depois das presidências".
Hoje mesmo, os embaixadores dos países junto da UE discutiram o papel da presidência húngara rotativa do Conselho, perante uma preocupação crescente nas capitais sobre as polémicas deslocações do primeiro-ministro húngaro.
Fonte europeia conhecedora da discussão, que decorreu durante duas horas à porta fechada e só com embaixadores na sala, revelou à Lusa que "ainda não se está no ponto" de querer retirar a Hungria da presidência rotativa do Conselho da UE, mas admitiu que foram vários os países "a levantar questões como em que qualidade" ocorreram as visitas de Viktor Órban, críticas que foram encabeçadas pela Polónia e pelos países bálticos e secundadas pela maioria dos restantes.
De acordo com esta mesma fonte diplomática, neste encontro "muito crítico" ficou evidente "a ideia de os ministros não se deslocarem a Budapeste para as reuniões informais", com os países a optarem por enviarem funcionários em vez de se representarem ao alto nível, em protesto contra as posições húngaras.
Hoje falando sobre esta questão, János Bóka vincou que não foi "informado por nenhum dos Estados-membros de que o nível da representação se devia a razões políticas", nomeadamente na reunião informal dos ministros da Competitividade que decorreu no início da semana em Budapeste.
"A maioria dos Estados-membros enviou representantes ao nível político e os que não o fizeram enviaram os funcionários públicos de alto nível", elencou o governante húngaro.
Quando se previa que Viktor Órban fosse discursar, na próxima semana, à sessão plenária do Parlamento Europeu sobre as prioridades da presidência húngara da UE, o ministro János Bóka adiantou aos jornalistas que o governo húngaro aguarda convite da assembleia europeia sobre um "momento oportuno" para tal intervenção.
A Hungria assume este semestre a presidência rotativa do Conselho da UE, com o mote "Tornar a Europa Grande de Novo".
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