O ex-presidente da Rússia e atual vice-presidente do Conselho de Segurança do país, Dmitry Medvedev, afirmou, esta quarta-feira, que uma mudança radical de regime em Kyiv pode promover conversações para resolver a situação na Ucrânia.
Numa mensagem, partilhada no Telegram e citada pela Tass, Medvedev avaliou o que poderia acontecer se Kyiv aceitasse as condições de Moscovo, estabelecidas pelo presidente russo Vladimir Putin.
As condições incluem a necessidade de aceitar o resultado da operação militar especial de Moscovo, o respeito pelas fronteiras constitucionais da Rússia e um estatuto de neutralidade para a Ucrânia.
No entanto, segundo Medvedev, mesmo que Kyiv, que rejeitou as condições da Rússia, acabe por as aceitar, Moscovo deve manter-se cauteloso, porque uma pausa nas operações militares por parte da Rússia poderia permitiria à Ucrânia reagrupar as suas forças.
Por sua vez, tudo isso poderia desencadear "uma nova terceira situação do tipo Maidan" na Ucrânia, que "varrerá o atual Governo, podendo levar ao poder alguém ainda mais radical".
"Por mais estranho que pareça, será nessa altura que serão criadas as condições para as conversações, em particular sobre a rendição [de Kyiv]", destacou o vice-presidente do Conselho de Segurança russo, acrescentando que "será mais difícil para a NATO prestar assistência a extremistas sem pudor".
E continuou: "Além disso, terão de admitir abertamente que dezenas de milhares de milhões de dólares de dinheiro dos contribuintes foram desperdiçados. Assim, Washington e os seus aliados forçarão os nazis de Kyiv a reconhecer o resultado da guerra".
Como resultado, nas palavras de Medvedev, os camaradas de Volodymyr Zelensky "fugirão para o Ocidente ou serão destruídos por uma multidão". "Um regime político moderado emergirá das ruínas da antiga Ucrânia", terminou Medvedev.
Recorde-se que a Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
Leia Também: Ucrânia quer recrutar "unidade especial de voluntários" para o exército