Stoltenberg defende que é "do interesse" dos EUA permanecer na NATO

O secretário-geral da NATO defendeu hoje ser interesse dos Estados Unidos permanecer na Aliança Atlântica, num momento em que se teme que o envolvimento norte-americano possa estar em causa num eventual segundo mandato de Donald Trump.

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© Jakub Porzycki/NurPhoto via Getty Images

Lusa
10/07/2024 23:20 ‧ 10/07/2024 por Lusa

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"Espero que os Estados Unidos (EUA) permaneçam o maior aliado da NATO. E espero isso por três razões: primeiro, porque é do interesse de segurança dos EUA ter uma NATO forte. Os EUA têm algo que nenhuma outra potência tem, ou seja, mais de 30 aliados de defesa. A Rússia não tem isso. A China não tem isso. Os EUA têm", frisou Jens Stoltenberg.

De acordo com Stoltenberg, num momento em que Washington está preocupada com as capacidades militares da China, "é ainda mais importante manter a NATO com todos os aliados de defesa".

Numa conferência de imprensa no final do primeiro dia de trabalhos da cimeira da NATO, que decorre até quinta-feira em Washington, Jens Stoltenberg referiu ainda que os Estados Unidos "são grandes, obviamente", uma vez que "representam 25% da economia mundial", mas salientou que, "se juntarmos todos os aliados da NATO, isso representa 50% da economia mundial".

"É do interesse dos EUA manter a NATO. Uma NATO forte é bom para a Europa, mas também para os EUA", frisou.

A segunda razão apresentada pelo líder da Aliança Atlântica é o amplo apoio bipartidário do qual a NATO goza em território norte-americano.

O político norueguês argumentou que as sondagens mostram um forte apoio à NATO nos EUA e que esse mesmo apoio lhe tem sido transmitido por vários senadores e congressistas democratas e republicanos com quem se tem encontrado nos últimos dias.

Por último, Jens Stoltenberg referiu diretamente o ex-presidente e candidato à Casa Branca, Donald Trump, que causou polémica ao encorajar a Rússia "a fazer o que raio quiser" com aliados da NATO que não cumprissem as diretrizes de gastos com Defesa, declarações que causaram preocupação generalizada na Europa.

Stoltenberg sublinhou que o maior motivo de crítica de Trump "não é contra a NATO, mas contra os aliados da NATO que não investiam o suficiente na NATO".

"E isso mudou. Essa mensagem clara teve um impacto, os aliados estão realmente a aumentar esses gastos", observou.

Novamente questionado sobre preocupações que os Estados-membros possam ter manifestado ao longo do dia de hoje sobre um eventual regresso de Trump à Presidência, Stoltenberg advogou que a NATO é a Aliança de maior sucesso na história porque foi capaz de se manter fora de "debates políticos domésticos", defendendo ser importante que isso continue a ser feito.

Como exemplo de várias preocupações semelhantes que foram levantadas ao longo dos anos, desde a criação da NATO, o secretário-geral mencionou Portugal, onde também, após o período ditatorial, a continuidade do apoio à NATO chegou a ser questionada.

"Tivemos muitos exemplos de preocupações levantadas por eleições que poderiam levar a uma redução do apoio à NATO. Acabei de ler um artigo sobre quando apareceu um novo Governo em Portugal em 1975, depois de anos de ditadura, quando se registaram preocupações de que este Governo não apoiasse a NATO", referiu.

Uma eventual vitória de Donald Trump em novembro tem deixado vários aliados europeus em alerta, com vários analistas a anteverem que o magnata republicano poderia reduzir o apoio à Organização e à Ucrânia, ou mesmo retirar os Estados Unidos da Aliança.

Os Estados Unidos são um dos membros fundadores e possuem o maior exército da Organização.

Na conferência de imprensa de hoje, o secretário-geral da NATO saudou também o reforço do investimento em defesa dos países aliados, salientando que o total já supera os 2% do Produto Interno Bruto dos Estados membros europeus e do Canadá.

A cimeira que assinala os 75 anos da NATO é também a última do atual secretário-geral, Jens Stoltenberg, que terá como sucessor o ex-primeiro-ministro neerlandês, Mark Rutte.

Sob a liderança do norueguês Stoltenberg, que se iniciou em 01 de outubro de 2014, a NATO ganhou quatro novos membros ao passar a integrar Montenegro (2017), Macedónia do Norte (2020), Finlândia (2023) e Suécia (2024).

Portugal é um dos 12 países da Europa e da América do Norte que fundaram a NATO em 1949.

[Notícia atualizada às 23h31]

Leia Também: NATO. Stoltenberg defende adesão da Ucrânia em caso "de cessar-fogo"

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