Governo do Bangladesh apela às universidades que encerrem após mortes em protestos
As autoridades de Bangladesh apelaram hoje para que todas as universidades sejam encerradas, após a morte de pelo menos seis pessoas em protestos violentos contra a imposição de quotas a cargos mais elevados da função pública.
© Sazzad Hossain/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Mundo Bangladesh
Algumas universidades atenderam rapidamente o pedido das autoridades governamentais, mas outras ainda não decidiram se vão encerrar ou não as suas atividades.
A Comissão de Bolsas Universitárias pediu a todas as universidades públicas e privadas que suspendessem as aulas e esvaziassem os seus dormitórios, até novo aviso, a fim de proteger os estudantes. As universidades do país são geridas de forma autónoma e o pedido não tem força jurídica.
As autoridades bengalis confirmaram que pelo menos seis pessoas foram mortas na terça-feira em atos de violência em todo o país, quando estudantes entraram em confronto contra outros alunos pró-governo e com a polícia. A violência foi relatada em torno da capital Daca, na cidade de Chattogram, no sudeste, e na cidade de Rangpur.
Hoje, já ocorreram protestos na Universidade de Daca e em outras partes do país. A polícia foi posicionada no campus, enquanto forças paramilitares de fronteira patrulhavam as ruas de Daca e de outras grandes cidades.
Há semanas que os estudantes promovem manifestações quase diárias para exigir ao Governo o abandono do sistema de quotas para empregos no funcionalismo público, e exigem um sistema baseado no mérito.
Este sistema destina-se a reservar mais de metade dos postos de funcionários bem remunerados e muito requisitados a determinadas categorias da população, uma medida que os estudantes consideram discriminatória.
Desta forma, 30% dos postos de funcionários seriam reservados às crianças que se envolveram na luta independência do Bangladesh em 1971, hoje na idade adulta, 10% para as mulheres e 10% para distritos específicos.
Na perspetiva dos contestatários, apenas deveriam ser mantidas as quotas destinadas às minorias étnicas e às pessoas deficientes (6% dos lugares).
Os críticos também consideram que este sistema de quotas se destina a favorecer os apoiantes da primeira-ministra Sheikh Hasina. Na liderança do país desde 2009, venceu em janeiro passado as suas quartas eleições legislativas consecutivas, num escrutínio boicotado pela oposição que o definiu de "simulacro".
Os confrontos de segunda-feira foram os mais violentos desde o início do movimento.
A Amnistia Internacional (AI) condenou estas violências e exortou o Bangladesh a "garantir imediatamente a segurança de todos os manifestantes pacíficos".
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, também denunciou as "violências contra manifestantes pacíficos".
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