Alegações finais sexta-feira em julgamento de jornalista Evan Gershkovich
As alegações finais do julgamento do jornalista norte-americano Evan Gershkovich serão apresentados na sexta-feira, anunciou hoje o tribunal russo que o está a julgar.
© Reuters
Mundo Evan Gershkovich
O repórter do Wall Street Journal, seu empregador, e o governo dos Estados Unidos negam veementemente as acusações contra ele.
Gershkovich compareceu hoje a uma audiência no seu julgamento por espionagem, informou o tribunal.
Foi acusado pelo gabinete do Procurador-Geral russo de "recolher informações secretas" a mando da CIA sobre a Uralvagonzavod, uma fábrica situada 150 quilómetros a norte de Ecaterinburgo que produz e repara tanques e outro equipamento militar.
O julgamento está a decorrer à porta fechada em Ecaterinburgo, uma cidade nos Montes Urais onde o jornalista de 32 anos foi detido durante uma viagem de reportagem em março de 2023.
Nascido nos Estados Unidos e filho de imigrantes da URSS, Gershkovich é o primeiro jornalista ocidental detido sob a acusação de espionagem na Rússia pós-soviética.
O Departamento de Estado dos EUA declarou-o "detido injustamente", comprometendo-se assim o governo a procurar a sua libertação de forma assertiva.
Quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, anunciou que os serviços de inteligência de Moscovo e Washington estão a discutir uma troca envolvendo Gershkovich, segundo a agência noticiosa estatal russa Tass.
A Rússia já havia sinalizado anteriormente a possibilidade de uma troca envolvendo Gershkovich, mas diz que um veredicto - que poderia levar meses - teria de vir primeiro. Mesmo depois de um veredicto, qualquer libertação pode ainda demorar meses ou anos.
O tribunal informou que Gershkovich esteve hoje presente na segunda audiência do seu julgamento, mas a imprensa não teve acesso à sala de audiências, mas não foram autorizados a vê-lo.
No mês passado, os jornalistas foram autorizados a ver Gershkovich por breves instantes durante as audiências que antecederam o julgamento e no primeiro dia do julgamento.
Mas esta semana o tribunal proibiu a entrada dos jornalistas sem qualquer explicação, apesar de os processos de espionagem estarem normalmente envoltos em secretismo.
Na primeira audiência do julgamento, o tribunal tinha suspendido o julgamento até meados de agosto. Mas os advogados de Gershkovich pediram que a segunda audiência se realizasse mais cedo, informaram terça-feira a agência noticiosa estatal russa RIA Novosti e o portal noticioso independente Mediazona, citando funcionários do tribunal.
"Evan nunca trabalhou para o governo dos Estados Unidos. Evan não é um espião. O jornalismo não é um crime. E Evan nunca deveria ter sido detido", disse o porta-voz da segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, no mês passado.
Gershkovich pode apanhar até 20 anos de prisão se o tribunal o considerar culpado, o que é quase certo.
Os tribunais russos condenam mais de 99% dos arguidos que lhes são apresentados, e os procuradores podem recorrer de sentenças que considerem demasiado brandas, podendo mesmo recorrer de absolvições.
Além disso, a interpretação russa do que constitui crimes graves, como a espionagem e a traição, é ampla, sendo frequente as autoridades perseguirem pessoas que partilham informações públicas com estrangeiros, acusando-as de divulgarem segredos de Estado.
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