Ministro desafia Netanyahu e Hamas ao visitar Esplanada das Mesquitas

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, visitou hoje de surpresa as tropas em Rafah, sul de Gaza, após o seu ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, o ter desafiado na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém.

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Lusa
18/07/2024 16:21 ‧ 18/07/2024 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

"Vim ao local mais importante do povo judeu para rezar pelos reféns, para que regressem a casa, mas não através de um acordo de rendição: sem renúncia", declara num vídeo Itamar Ben Gvir, um colono de extrema-direita habituado a provocações e que tem como pano de fundoa a Cúpula da Rocha, local sagrado para os muçulmanos.

 

Situada em Jerusalém Oriental, uma zona da Cidade Santa ocupada e anexada por Israel, a Esplanada das Mesquitas, o terceiro local mais sagrado do Islão, está construída sobre as ruínas do segundo templo judaico, destruído em 70 d.C. pelos romanos. Para os judeus, é o Monte do Templo, o local mais sagrado do judaísmo.

Desde a chegada ao governo, em dezembro de 2022, graças a uma aliança que permitiu a Benjamin Netanyahu voltar a ser primeiro-ministro, Ben Gvir visitou a Esplanada das Mesquitas em várias ocasiões, deslocações denunciadas como sacrílegas pelos palestinianos e pelas capitais estrangeiras como provocações suscetíveis de exacerbar as tensões.

Em 2023, em desacordo com Ben Gvir sobre esta questão, Netanyahu deixou claro que o seu governo não tinha "qualquer intenção de alterar o 'status quo' no Monte do Templo", em referência à regra aprovada por Israel em 1967, após a conquista de Jerusalém Leste, segundo a qual os não muçulmanos podem visitar a Esplanada em momentos específicos sem rezar, uma regra que alguns judeus nacionalistas respeitam cada vez menos.

Numa altura em que Netanyahu é instado pelas famílias dos reféns detidos em Gaza a aceitar um acordo de cessar-fogo com o movimento islamita palestiniano Hamas, Ben Gvir, de cujo apoio o primeiro-ministro depende para ter maioria, pede-lhe que não faça concessões.

"Estou a rezar e a fazer esforços para que o primeiro-ministro não faça concessões. Estou a rezar e a fazer esforços para que o primeiro-ministro tenha a força para não desistir e para que vá até ao fim, aumentando a pressão militar, privando-os de combustível, e para que ganhemos", declara no vídeo.

Pouco depois de conhecido o vídeo de Ben Gvir, o primeiro-ministro israelita fez uma visita surpresa às tropas em Rafah, no sul de Gaza, informou o seu gabinete, poucos dias antes de Benjamin Netanyahu discursar no Congresso dos Estados Unidos.

 A comunidade internacional tem apelado repetidamente a Israel para que alivie o cerco à Faixa de Gaza, que sofre uma catástrofe humanitária em resultado da guerra desencadeada pelo ataque sangrento do Hamas a Israel, a 07 de outubro de 2023.

A falta de eletricidade significa que os geradores necessários para manter os hospitais a funcionar na devastada Faixa de Gaza, onde estão detidos os reféns raptados durante o ataque de outubro, não podem ser alimentados devido à falta de gasolina.

E as reações à mensagem de vídeo de Ben Gvir foram rápidas, com a Jordânia, que administra a Esplanada das Mesquitas, a condenar a "provocação", que reflete "a continuação das medidas unilaterais do governo extremista israelita e o seu flagrante desrespeito pela lei".

O Hamas apelou "à Organização de Cooperação Islâmica [OCI] e à Liga Árabe para que tomem medidas sérias para pôr termo às violações israelitas" contra o local sagrado muçulmano.

O Egito, o primeiro país árabe a assinar a paz com Israel, condenou a visita de Ben Gvir à Esplanada das Mesquitas, considerando-a como uma "escalada irresponsável".

Leia Também: Israel. Deputados de extrema-direita criam iniciativa para reocupar Gaza

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