"Não podemos rejeitar a solução de dois Estados por um voto. O secretário-geral está muito desapontado com a decisão do Knesset", frisou Stéphane Dujarric em declarações aos jornalistas.
Esta votação parlamentar "é claramente contraditória com as resoluções da ONU e com a legalidade internacional", realçou.
O porta-voz do secretário-geral da ONU insistiu ainda que a solução de dois Estados viverem "lado a lado em paz e segurança" é "o único caminho viável para uma paz duradoura".
O Knesset votou maioritariamente a favor da resolução que rejeita a criação do Estado Palestiniano e qualquer tipo de negociações nesse sentido considerando que se trata de um "perigo para a existência do país (Israel)".
De acordo com o jornal Times of Israel, 68 deputados votaram a favor: membros dos partidos da coligação governamental, formações políticas de direita, do centro e da aliança Hadash al Ta'al, formada por socialistas e árabes israelitas.
Nove deputados votaram contra a resolução e os deputados do partido de esquerda Yesh Atid abandonaram o Knesset em sinal de protesto contra o Governo.
Os deputados que votaram a favor justificaram a decisão com o receio de que o Hamas venha a tomar o poder de um eventual Estado palestiniano para o transformar numa "base de terror islâmico radical", trabalhando em "coordenação" com o Irão para destruir Israel.
Em fevereiro passado, o Parlamento israelita também aprovou por larga maioria a rejeição do "reconhecimento unilateral" do Estado palestiniano.
A Autoridade Palestiniana criticou a resolução aprovada hoje pelo Parlamento israelita, considerando que sem a "solução dos dois Estados" não há paz nem segurança.
Abu Rodeina frisou que o Governo de Israel "não está preocupado com a paz" defendendo o estabelecimento de um Estado palestiniano independente, com capital em Jerusalém Oriental e com o regresso às fronteiras de 1967".
Também o secretário do Comité Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein al Sheij, disse que a decisão do Knesset "confirma o racismo do Estado ocupante assim como o desprezo (de Israel) pelo Direito Internacional e as leis internacionais".
Vários países reconheceram unilateralmente o Estado palestiniano este ano, motivados pela falta de uma solução diplomática para a guerra em Gaza: Barbados, Jamaica, Trindade e Tobago, Bahamas, Espanha, Irlanda, Noruega, Eslovénia e Arménia.
O reconhecimento conjunto de Espanha, Irlanda e Noruega, países da União Europeia, provocou indignação em Israel, que chamou os embaixadores nas respetivas nações para consultas e repreendeu os três representantes europeus.
No total, 145 países dos 193 Estados-membros da ONU reconhecem o Estado palestiniano, dos quais uma dezena pertence à UE.
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