"Estou ansioso para voltar à campanha na próxima semana", disse, em comunicado, Joe Biden, que tem estado retirado no seu estado do Delaware depois de ter contraído a covid-19 esta semana.
A campanha de Biden fez o anúncio do seu regresso ao terreno num comunicado no qual atacou a "visão sombria" que o ex-presidente Donald Trump delineou para o país no seu discurso de aceitação da nomeação republicana, na noite passada, na convenção do partido em Milwaukee.
"Juntos, como partido e como país, podemos e iremos derrotá-lo nas urnas", defendeu Biden.
"Os riscos são altos e a escolha é clara. Juntos, venceremos", acrescentou.
O anúncio surge também num momento em que a pressão redobrou para que Biden encerre a sua recandidatura, com mais seis membros democratas do Congresso a pedirem hoje publicamente ao Presidente para que "passe o testemunho" a alguém mais jovem.
Com estes seis democratas, o número de membros do Congresso que pedem a retirada de Biden sobe para 31, quase 12% dos membros da câmara baixa e do Senado que compõem a bancada democrata.
Dos 31 que lideram a revolta, 28 são congressistas e três são senadores.
O primeiro a pedir hoje a retirada de Biden foi Sean Casten, do Illinois, que numa coluna de opinião no Chicago Tribune intitulada "É hora de passar o testemunho", afirmou que, embora lhe "parta o coração dizê-lo (. . .), o Presidente não está mais à altura do cargo".
Pouco depois, numa declaração conjunta, quatro outros democratas instaram Biden a igualmente "passar o testemunho a uma nova geração de líderes democratas".
Embora expressem a sua "grande admiração" por Biden, admitem que há a preocupação entre o público sobre a "idade e aptidão" do chefe de Estado de 81 anos para governar o país por mais quatro anos e derrotar Trump em novembro.
"Acreditamos que a coisa mais responsável e patriótica que ele pode fazer neste momento é retirar-se como nosso candidato enquanto continua a liderar o nosso partido a partir da Casa Branca", afirmam no comunicado.
Entre os legisladores que assinam a declaração está o afro-americano Marc Veasey, representante do Texas e o primeiro membro do grupo de eleitos afro-americanos no Congresso a virar as costas a Biden, o que abriu uma brecha naquele que tem sido o bloco de apoio mais forte do Presidente em Washington.
Também assinam a carta o hispânico Jesús 'Chuy' García, membro do grupo de hispânicos no Congresso, além de Marc Pocan, de Wisconsin, e Jared Huffman, da Califórnia, aliado da influente Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Representantes.
Posteriormente, o senador Martin Heinrich, do Novo México, instou Biden a "passar o testemunho" para permitir que o partido se una em torno de um candidato capaz de derrotar Trump, tornando-se no terceiro membro do Senado a pedir a retirada do Presidente.
"Este momento na história da nossa nação exige uma visão que vai além de qualquer indivíduo. O regresso de Donald Trump à Casa Branca representa um perigo existencial para a nossa democracia. Devemos derrotá-lo em novembro e precisamos de um candidato que possa fazê-lo", defendeu Heinrich.
Este fluxo de legisladores aumenta a pressão sobre Biden, que viu o seu apoio entre figuras importantes do partido vacilar nas últimas horas.
Conforme noticiado na quinta-feira pelo jornal The Washington Post, o ex-presidente Barack Obama disse ao seu círculo próximo que Biden deveria "reconsiderar seriamente" o futuro da sua candidatura.
O apelo à retirada de Biden surgiu após o debate de 27 de junho contra Trump, no qual o chefe de Estado, que aos 81 anos é o Presidente mais velho da história do país, projetou uma imagem envelhecida e teve dificuldade em concluir algumas frases.
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