O líder da Casa Branca de 81 anos, cuja condição de saúde tem vindo a ser questionada, divulgou a sua saída através de uma carta publicada na rede social X (antigo Twitter), onde também fez saber que apoia Kamala Harris como sua sucessora na corrida à Casa Branca.
Biden indicou que vai explicar posteriormente a sua decisão num discurso à nação.
Um cenário comparável para os democratas ocorreu a 31 de março de 1968 quando o Presidente Lyndon B. Johnson anunciou publicamente que não se candidataria a um segundo mandato, em plena guerra do Vietname.
Quais são os passos seguintes para a substituição formal
Joe Biden foi designado como o candidato presidencial democrata nas eleições primárias realizadas entre janeiro e junho e deveria ser entronizado na convenção partidária de Chicago em meados de agosto.
Os cerca de 3.900 delegados democratas são agora livres de escolher o seu candidato.
Quem pode substituir Biden
Pouco depois de anunciar a sua saída da corrida, o Presidente disse que apoiava a sua vice-presidente Kamala Harris, porém, não existe qualquer regra que estipule que o 'número dois' seja o substituto automático.
Kamala Harris, a primeira mulher e a primeira afro-americana a ocupar a vice-presidência dos EUA poderá enfrentar a concorrência de outros membros da jovem guarda do partido democrata para o lugar de candidato.
Na lista deverão estar o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, e do governador da Pensilvânia, Josh Shapiro.
Como decorrerá agora a campanha democrata
Uma vez escolhido o novo candidato, resta o grande problema de avançar com uma campanha de três meses para se dar a conhecer aos mais de 250 milhões de americanos em idade de votar e, sobretudo, conseguir convencê-los.
Kamala Harris parte com alguma vantagem por ser já conhecida como vice-presidente de Joe Biden há quase quatro anos.
A ex-senadora da Califórnia, que já recebeu o apoio de vários representantes eleitos, também tem percorrido os principais estados em campanha, especialmente sobre intervindo sobre a questão do direito ao aborto - um tema fundamental nas eleições presidenciais deste ano.
Outra preocupação relaciona-se com os fundos angariados pela campanha de Joe Biden, por não serem facilmente transferíveis para qualquer outro candidato do ponto de vista legal.
Alguns especialistas argumentam que o controlo dos milhões de dólares já angariados poderia ser mais facilmente atribuído a Kamala Harris, por o seu nome constar dos documentos oficiais da campanha de Joe Biden.
Caso os fundos sejam transferidos é de esperar uma ação judicial.
A direita já tinha feito saber que a substituição de Biden poderia violar a lei eleitoral através do presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, pelo que um recurso dos republicanos pode estar no horizonte.
Qual foi a reação de Donald Trump
O candidato republicano saudou a renúncia à reeleição do Presidente Joe Biden, e defendeu que a possível sucessora na corrida eleitoral, Kamala Harris, será mais fácil de derrotar.
"É de longe o pior Presidente da história do nosso país", disse Trump numa conversa telefónica com a CNN, após a decisão hoje anunciada por Biden, acrescentando numa mensagem na sua rede social que "o corrupto Joe Biden não estava apto para se candidatar à presidência e certamente não está apto para ocupar o cargo, e nunca esteve".
Nas sondagens Trump tem sido o favorito.
Uma compilação de sondagens publicada pela RealClearPolitics dá ao ex-Presidente republicano e magnata nova-iorquino 47,7% contra 44,7% do seu potencial adversário democrata, com base na média de uma dezena de sondagens concluídas entre 02 e 18 de julho, resultado que está em linha com a distância adquirida por Trump após o debate televisivo entre ambos no final do mês passado.
Sondagens como a da CBS News atribuem a Trump uma vantagem de cinco pontos (52% contra 47%), enquanto apenas a sondagem pública da rádio e televisão dos Estados Unidos, NPR/PBS, dá a Biden uma vantagem de dois pontos (48% contra 50%).
Outra sondagem, da ABC News e do Washington Post, deixa ambos empatados tecnicamente com 46%.
O portal recorda que, neste mesmo dia há quatro anos, as sondagens davam a Biden, então candidato democrata à Casa Branca, 8,7 pontos percentuais à frente de Trump, que ocupava a Sala Oval nessa altura.
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