"Se o Burkina Faso, Mali e Níger saírem permanentemente da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), antevemos que os restantes países, com as suas economias maiores e mais diversificadas, consigam gerir qualquer consequência económica", escrevem os analistas num comentário aos desenvolvimentos políticos na região do Sahel.
Os analistas acrescentam, no entanto, que "se a anunciada saída do Burkina Faso, Mali e Níger da UEMOA", um risco que consideram "baixo", se concretizar, "isso levaria a consequências económicas bem maiores que a saída da CEDEAO, desencadeando quase de certeza 'defaults' das dívidas comerciais emitidas no mercado da UEMOA".
Em causa está a anunciada saída do bloco económico regional (CEDEAO) e a constituição de um novo bloco, a Aliança dos Estados do Sahel, constituída por estes três países, que em comum têm o facto de serem regimes militares que chegaram ao poder nos últimos anos através de golpes de Estado.
A CEDEAO é uma comunidade económica composta por 15 países (Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné-Conacri, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Serra Leoa, Senegal e Togo), enquanto a UEMOA é uma união monetária de oito países: Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Mali, Níger, Senegal e Togo.
Na nota de análise da S&P, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas afirmam que apesar de o risco de os três países com regimes militares saírem da UEMOA ser baixo, a possibilidade "reflete a crescente fragmentação política na região".
Sair da CEDEAO não implica sair da UEMOA, escreve a S&P, que lembra que os chefes militares destes países admitiram a possibilidade de criar uma moeda comum para o Burkina Faso, Mali e Níger, o que implicaria abandonar o franco centro-africano (CFA), que está indexado ao euro, mas a probabilidade é baixa, até porque o ministro das Finanças do Burkina Faso já disse que o país vai manter-se na União.
"Os custos de abandonar o franco CFA em termos de perda de reservas e almofadas financeiras externas, bem como a proteção contra a volatilidade das variações das taxas de câmbio, são bem maiores que os benefícios percecionados", afirma a S&P, concluindo que "a prioridades destes países é lidar com as ameaças terroristas à sua segurança, e por isso criar uma nova moeda, com todas as implicações económicas, financeiras e logísticas não é uma opção atrativa para as autoridades".
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