"Sem precedentes". Como decidiu Biden, quando e quem soube primeiro?

Tudo indicava que o presidente regressaria ao trilho de campanha esta semana mas, no domingo de manhã, o democrata mudou de ideias.

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© Getty Images/ Andrew Harnik

Notícias ao Minuto com Lusa
22/07/2024 10:24 ‧ 22/07/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

EUA

A saída do presidente norte-americano da corrida à Casa Branca apanhou muitos dos seus aliados de surpresa. Apesar da crescente onda de pedidos para que desistisse, a campanha de Joe Biden assegurou, ao longo da última semana, que o chefe de Estado pretendia ir a eleições pelo Partido Democrata. Contudo, o presidente estaria “a refletir há dias” e, no domingo, informou os seus conselheiros mais próximos pouco antes do anúncio público da sua desistência. Muitos ficaram a par através das redes sociais.

 

No sábado, os conselheiros continuavam a preparar a agenda de campanha de Biden, que se encontra em convalescença de Covid-19 na sua casa no estado do Delaware. Tudo indicava que o presidente regressaria ao trilho e à Casa Branca esta semana mas, no domingo de manhã, o democrata mudou de ideias.

Segundo a BBC, Biden começou a ponderar a sua saída já na noite de sábado, tendo reunido com um número limitado de assessores, entre eles Steve Richetti, um dos seus conselheiros mais próximos, Mike Donilon, o seu estrategista-chefe, Annie Tomasini, a sua vice-chefe de gabinete e Anthony Bernal, o chefe de gabinete da primeira-dama Jill Biden.

Se Richetti estava com Biden desde sexta-feira, no sábado Donilon também acorreu à casa de praia do presidente. Juntos analisaram os novos dados das sondagens e ponderaram se, no cenário político atual, o chefe de Estado conseguiria derrotar Donald Trump. Biden terá colaborado com Donilon no anúncio da sua desistência, enquanto Richetti informava outros funcionários e aprimorava os detalhes da divulgação, contou a BBC.

Ainda assim, Biden só terá tomado a decisão final na manhã de domingo, tendo ligado separadamente ao chefe de gabinete Jeff Zients, à chefe de campanha Jen O'Malley Dillon e à vice-presidente Kamala Harris.

Pelas 18h45 de Lisboa, o presidente fez uma videochamada com a sua equipa sénior na Casa Branca e de campanha, incluindo a conselheira Anita Dunn. Um minuto depois, divulgou o comunicado ‘fatídico’. Aliás, a maioria dos funcionários ficou a par através das redes sociais.

“Estava a refletir há dias. Foi uma decisão mantida a ‘sete chaves’”, disse um alto funcionário da Casa Branca à BBC.

Entretanto, Biden manifestou apoio à sua vice-presidente Kamala Harris na entrada na corrida pelos democratas, enquanto o partido digere o anúncio da desistência do atual chefe de Estado e inicia um processo sem precedentes de mudar o seu candidato a pouco mais de 100 dias das eleições.

Também o casal Bill e Hillary Clinton deram o seu apoio público à candidatura de Kamala. Os elogios à decisão e à figura de Biden foram quase unânimes, mas muitos fizeram como Barack Obama e foram contidos no apoio a Kamala, para já. Foi o caso dos líderes democratas no Senado, Chuck Schumer, e na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries.

A desistência do presidente à reeleição no cargo acontece um mês antes da convenção dos democratas, na qual deverá ser escolhido novo candidato. A convenção está marcada de 19 a 22 de agosto, em Chicago, e o que deveria ser uma confirmação de Joe Biden na corrida à Casa Branca transformou-se num "concurso aberto", como escreveu a Associated Press, no qual 4.700 delegados vão votar num candidato para defrontar o republicano Donald Trump nas presidenciais de novembro.

O Comité Nacional Democrata (CND) afirmou que, embora a renúncia de um candidato à presidência a pouco mais de três meses das eleições "não tenha precedentes", terá início nos próximos dias um processo "transparente e ordenado" para substituir Joe Biden como candidato.

Leia Também: Biden cede à pressão e sai. E agora? Kamala é favorita, mas não é certa

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