Jovem com a "pior dor do mundo" há 11 anos considera recorrer à eutanásia

Carolina Arruda, de 27 anos, está a arrecadar fundos para pagar suicídio assistido, se a dor não reduzir "em 50 a 60%" com novo tratamento.

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© Instagram / Carolina Arruda

Notícias ao Minuto
22/07/2024 12:28 ‧ 22/07/2024 por Notícias ao Minuto

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Aos 27 anos, Carolina Arruda vive uma realidade que jamais imaginou. A estudante de medicina veterinária brasileira tem uma neuralgia do trigémeo, doença que causa a "pior dor do mundo", que a obrigou a abrir mão de quase tudo o que fazia parte da sua vida antes da doença, e de querer recorrer à eutanásia.

 

A dor é tanta que Carolina sente que está a levar "golpes de faca" 24 horas por dia, nos últimos 11 anos.

No início do mês, num vídeo que se tornou viral no Brasil, a jovem, que é casada e mãe de uma menina de 10 anos, explicou que tinha decidido optar por uma "morte com dignidade" por já não aguentar viver com tanta dor, pedindo ajuda para pagar uma viagem à Suíça, onde pretende recorrer à eutanásia.

A brasileira, que mora em Minas Gerais, conta nas suas redes sociais que ao longo dos anos foi seguida por dezenas de médicos, fez inúmeros tratamentos, mas não conseguiu mais do que umas horas de alívio.

Com a repercussão do caso, o médico que preside a Sociedade Brasileira para os Estudos da Dor (SBED) propôs à jovem uma nova ronda de tratamentos, numa última tentativa para melhorar a sua vida e evitar que a única alternativa para acabar com a dor seja recorrer à morte clinicamente assistida.

Carolina está agora internada. Já começou a terapia de neuromodulação, com estímulos elétricos ao nervo trigémio, assim como uma nova medicação. Durante algum tempo esteve até sem dor, algo que disse ao G1, ter sido "uma experiência inédita em mais de uma década".

No dia 27 de julho, a jovem será submetida a uma nova cirurgia para implante de neuroestimuladores na sua espinha dorsal, dispositivos que podem impedir a transmissão de estímulos dolorosos.

Apesar disso, a jovem prefere não ter grande esperança. Só se a dor reduzir "em 50 a 60%" é que vai equacionar não recorrer à eutanásia.

Doença destruiu sonhos de jovem que "amava a vida"

Antes de ficar doente, Carolina era uma jovem "cheia de sonhos, projetos e planos", "muito ativa e cheia de energia", que "amava a vida".

Praticava exercício físico e atividades ao ar livre, como "andar de bicicleta". Contudo, com o tempo, foi ficando cada vez mais limitada, o que fez com que perdesse o gosto pela vida. "Até o vento se tornou num tormento", revelou a brasileira ao G1.

Além das atividades ao ar livre, Carolina também teve de deixar de comer muitas das coisas que gostava, porque "mastigar causa muita dor".

Foi aos 16 anos, grávida e a recuperar do dengue, que começou a sentir as primeiras dores, mas só sete anos (e 27 médicos) depois é que conseguiu um diagnóstico.

Há cerca de um ano, as dores pioraram e Carolina teve de abandonar o curso que tanto sonhava tirar. No entanto, "a perda mais dolorosa" já tinha sofrido, quando deixou de cuidar da filha, quando esta tinha apenas um ano, e entregá-la aos cuidados da bisavó, que vive a quatro horas de distância dela.

O que é a neuralgia do trigémeo?

A neuralgia do trigémeo é uma doença que afeta o trigémeo que é um dos maiores nervos do corpo humano, que se divide em três ramos, o ramo oftálmico, o ramo maxilar e o ramo mandibular e que permite, por exemplo, que as pessoas sintam o toque, uma picada ou dor no rosto.

Normalmente, esta doença atinge apenas um lado da cara, contudo, em casos mais raros, pode atingir os dois, como acontece com Carolina.

Segundo especialistas, a dor causada pela doença é das piores do mundo. Apesar de não ser uma constante fora das crises, tem gatilhos que fazem parte do dia a dia, como falar, mastigar, escovar os dentes, barbear.

A dor é de tal forma incapacitante que impede a pessoa de fazer coisas simples, tal como revelou Carolina.

Leia Também: "Foi a coisa certa". Britânica revela que matou filho com cancro terminal

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