Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai divulgaram hoje um comunicado em que "exigem uma revisão completa dos resultados com a presença de observadores eleitorais independentes", bem como uma reunião sobre o tema sob a égide da Organização dos Estados Americanos (OEA).
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou que o Presidente cessante Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos, à frente do candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que obteve pouco menos de 4,5 milhões (44,2%).
"Os nossos governos vão solicitar uma reunião urgente para emitir uma resolução que salvaguarde a vontade popular, enquadrada na Carta Democrática e nos princípios fundamentais da democracia na nossa região", assinalaram os nove países no seu comunicado, onde manifestam "profunda preocupação" com o desenvolvimento das eleições presidenciais na Venezuala.
A ativação da Carta Democrática da OEA, aprovada em Lima em 2001, representa um "mecanismo de garantia coletiva para preservar as instituições democráticas e o exercício legítimo do poder".
Para efeitos práticos, permite à OEA, sempre com o consentimento prévio do Governo afetado, organizar visitas e realizar outros procedimentos para analisar a situação, conforme o próprio documento.
Entretanto, os Estados Unidos anunciaram hoje que vão adiar a tomada de decisões sobre a Venezuela, incluindo a possibilidade de impor novas sanções, até que sejam publicados todos os registos de votação das eleições.
O Governo do Presidente Joe Biden reconheceu "sérias preocupações de que os resultados anunciados não reflitam a vontade do povo venezuelano", de acordo com as palavras do porta-voz da Segurança Interna da Casa Branca, John Kirby.
O porta-voz defendeu que é "absolutamente essencial que cada voto seja contado de forma justa e transparente, que os responsáveis eleitorais partilhem imediatamente a informação com a oposição e observadores independentes e que as autoridades eleitorais publiquem atas completas e detalhadas dos votos".
Também o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, durante uma visita oficial a Tóquio, mostrou-se "gravemente preocupado" com a validade dos resultados anunciados e questionou se eles refletem a vontade dos eleitores.
Paralelamente, o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, afirmou hoje que reconhecerá o triunfo de Maduro, se o CNE da Venezuela "confirmar a tendência" pós-eleições.
"Vamos aguardar o resultado, já quando se tiver realizado a contagem, ver qual é o processo legal e então vamos pronunciar-nos... se a autoridade eleitoral confirmar esta tendência, nós vamos reconhecer o governo eleito pelo povo da Venezuela", declarou López Obrador na sua conferência de imprensa matinal.
Já a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA), ideologicamente próxima do regime venezuelano, saiu em defesa do "inegável triunfo do Presidente Nicolás Maduro Moros nas eleições presidenciais de domingo".
"A Venezuela demonstrou sua lealdade e seu compromisso com o socialismo bolivariano do século XXI, projeto histórico carregado de justiça social, de igualdade estabelecida e praticada e de uma imensa consciência popular", acrescentou.
[Notícia atualizada às 17h51]
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