Os Estados Unidos e países aliados de Washington trocaram hoje com a Rússia 26 prisioneiros no aeroporto de Ancara, numa operação coordenada pelos serviços secretos da Turquia, segundo as autoridades turcas.
Entre essas 26 pessoas está o jornalista Pablo González, disse o seu advogado em Espanha, Gonzalo Boye.
Pablo González, que esteve preso na Polónia durante mais de dois anos e cinco meses, acusado de espionagem [a favor da Rússia], foi libertado e transferido, por agora, para o seu país de nascimento", disse o advogado, num comunicado.
O advogado acrescentou que as autoridades russas "demonstraram um interesse real em procurar uma solução para esta situação" e apelou à defesa "da liberdade de imprensa e dos direitos dos jornalistas a nível global".
Pablo González, de 41 anos, residente no País Basco (norte de Espanha), tem dupla nacionalidade (russa e espanhola) e foi detido na fronteira da Polónia com a Ucrânia em 2022, poucos dias depois do início do ataque militar da Rússia a este país.
O jornalista, que nasceu e viveu na Rússia até aos nove anos de idade, é colaborador de meios de comunicação espanhóis como o jornal Publico e a televisão La Sexta.
Organizações de defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos, como a Repórteres sem Fronteiras ou a Amnistia Internacional, denunciaram por diversas vezes o caso do jornalista espanhol, sublinhando a falta de respeito pelo princípio da presunção de inocência por parte da Polónia, um país da União Europeia, ou que Pablo Gonzalez não tinha acesso a informação completa sobre a acusação de que era alvo.
Segundo o seu advogado, a libertação hoje do jornalista foi possível graças a "intensas negociações entre as partes envolvidas".
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, José Manuel Albares, assegurou diversas vezes que acompanhava diretamente o caso de Pablo González e que tinha pedido ao homólogo da Polónia para serem apresentadas as provas contra o jornalista e para ser marcado uma data para o julgamento.
A Turquia informou hoje que coordenou uma troca de 26 prisioneiros entre a Rússia e vários países ocidentais.
"O MIT [serviços de informação turcos] realizou em Ancara a maior operação de troca de prisioneiros dos últimos tempos, que envolveu 26 pessoas de prisões de sete países diferentes (Estados Unidos, Alemanha, Polónia, Eslovénia, Noruega, Rússia e Bielorrússia), anunciou a presidência turca em comunicado.
Dez prisioneiros, incluindo dois menores, foram transferidos para a Rússia, 13 para a Alemanha e três para os Estados Unidos, especificou o comunicado.
Horas antes, a imprensa norte-americana já tinha informado que esta troca de prisioneiros incluíra a libertação por parte da Rússia do jornalista norte-americano Evan Gershkovich, condenado em Moscovo.
Entre o lote de prisioneiros libertado, estão também o ex-fuzileiro norte-americano Paul Whelan, preso na Rússia desde o final de 2018; Vadim Krassikov, um alegado agente russo preso na Alemanha pelo assassinato de um ex-comandante separatista checheno em Berlim em 2019; Rico Krieger, um alemão condenado na Bielorrússia por terrorismo; e o opositor russo Ilia Iachine, condenado no final de 2022 a oito anos e meio de prisão por ter denunciado crimes imputados à Rússia na Ucrânia.
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