Os proprietários e operadores chineses de embarcações não fabricadas na China também serão afetados, revelou na quinta-feira o gabinete do representante comercial da Casa Branca (USTR, na sigla em inglês), em comunicado.
Estas taxas serão cobradas por visita aos Estados Unidos --- e não em cada porto americano visitado --- e no máximo cinco vezes por navio por ano.
O USTR também planeou uma tarifa específica para as embarcações que transportam veículos, que também entrará em vigor dentro de 180 dias, e para as que transportam gás natural liquefeito (GNL), mas cuja cobrança só começará daqui a três anos e aumentará de forma faseada ao longo de 22 anos.
"O USTR tomou hoje medidas específicas para restaurar a construção naval americana e abordar as ações, políticas e práticas irracionais da China para dominar os setores marítimo, logístico e de construção naval", pode ler-se, no comunicado.
O ex-presidente Joe Biden encarregou o USTR de investigar "as práticas desleais da China nos setores da construção naval, transportes e logística".
Esta investigação foi mantida pelo seu sucessor, Donald Trump, que anunciou também no início de março a criação de um Gabinete de Construção Naval a anexar à Casa Branca.
Dominante no final da Segunda Guerra Mundial, a indústria naval norte-americana foi decaindo gradualmente e representa agora apenas 0,1% da construção naval a nível global, agora dominada pela Ásia, com a China a construir quase metade dos navios lançados, à frente da Coreia do Sul e do Japão.
Os três países asiáticos são responsáveis por mais de 95% dos navios civis construídos, de acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
Este anúncio surge em plena guerra comercial entre Washington e Pequim.
Donald Trump afirmou na quinta-feira que "todos os países" querem negociar as tarifas aduaneiras, "incluindo a China", com a qual o conflito comercial se agravou e as taxas foram reciprocamente aumentadas até 145%.
O Ministério do Comércio da China adiantou na quinta-feira que mantém "comunicação constante" com os seus homólogos norte-americanos e reiterou que Pequim está "aberta a consultas" com Washington se estas se basearem no "respeito mútuo".
Também hoje o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lin Jian disse que as "tarifas recíprocas" adotadas pelos EUA "perturbam seriamente a ordem económica mundial e o sistema comercial multilateral", bem como "os interesses e o bem-estar das nações de todo o mundo".
A guerra comercial desencadeada pelo Presidente dos Estados Unidos intensificou-se a 02 de abril, com o anúncio de "tarifas recíprocas" sobre o resto do mundo, uma medida que retificou uma semana depois, face à queda dos mercados e ao aumento do financiamento da dívida norte-americana.
Mas enquanto suavizava a sua ofensiva com a maioria dos países, aplicando uma tarifa generalizada de 10%, decidiu aumentar as taxas alfandegárias sobre a China, que retaliou com mais taxas.
Washington impôs taxas de 145% sobre as importações chinesas, enquanto Pequim aumentou as suas taxas sobre os produtos norte-americanos para 125%.
Os EUA decidiram, entretanto, isentar muitos produtos tecnológicos chineses, embora Trump tenha anunciado a aplicação de tarifas sobre os semicondutores "num futuro próximo".
Leia Também: Republicanos iniciam investigação a Harvard no Congresso dos EUA