A União Europeia (UE) disse, este domingo, que "continua a acompanhar os acontecimentos na Venezuela com grande preocupação" e que os resultados das últimas eleições presidenciais publicados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) "não podem ser reconhecidos" sem a divulgação das atas eleitorais.
"Relatórios de missões internacionais de observação eleitoral afirmam claramente que as eleições presidenciais de 28 de julho não atenderam aos padrões internacionais de integridade eleitoral", lê-se numa missiva do Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell.
"Apesar de seu próprio compromisso, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) ainda não publicou os registros oficiais de votação ('atas') das seções eleitorais", continuou Borrell na missiva, considerando que "sem evidências para apoiá-los, os resultados publicados em 2 de agosto pelo CNE não podem ser reconhecidos".
"Qualquer tentativa de atrasar a publicação completa dos registros oficiais de votação só lançará mais dúvidas sobre a credibilidade dos resultados oficialmente publicados", alertou ainda, considerando que "cópias dos registos de votação eleitoral publicados pela oposição e revisados por diversas organizações independentes indicam que Edmundo González Urrutia parece ser o vencedor das eleições presidenciais por uma maioria significativa".
Por isso, a UE apelou a "uma maior verificação independente dos registos eleitorais, se possível por uma entidade de renome internacional".
Na mesma missiva, Borrell argumentou também que, "neste momento crítico", é importante que as manifestações e protestos no país - que já geraram dezenas de mortes e milhares de detenções - "permaneçam pacíficos".
"As autoridades venezuelanas, incluindo as forças de segurança, devem respeitar integralmente os direitos humanos, incluindo a liberdade de expressão e de reunião", apelou o principal diplomata da UE, mostrando-se "seriamente" preocupado com "o número crescente de detenções arbitrárias e o assédio contínuo da oposição".
Borrell, falando em nome dos 27 Estados-membros da UE, disse que a comunidade "apela às autoridades venezuelanas para que ponham fim às detenções arbitrárias, à repressão e à retórica violenta contra membros da oposição e da sociedade civil, e para que libertem todos os presos políticos", sendo que, em simultâneo, "acolhe com satisfação os esforços dos parceiros regionais, com os quais mantém contacto próximo, para promover o diálogo e uma solução negociada para a crise".
"Respeitar a vontade do povo venezuelano continua sendo a única maneira de a Venezuela restaurar a democracia e resolver a atual crise humanitária e socioeconômica", concluiu.
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