"Precipitado". Ucrânia lamenta corte de relações anunciado pelo Mali
A Ucrânia lamentou hoje a decisão, que classificou como "precipitada", do Mali, de cortar relações diplomáticas, anunciada domingo pela junta militar que está no poder em Bamaco mercê de um golpe de Estado.
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Mundo Ucrânia
"A decisão do Governo de transição da República do Mali de cortar as relações diplomáticas com a Ucrânia é de vistas curtas e precipitada", considerou o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano em comunicado.
Na base do anúncio está o alegado envolvimento dos serviços de informações ucranianos numa pesada derrota do exército maliano, apoiado pelos mercenários do grupo paramilitar russo Wagner, no final de julho, num combate contra secessionistas e extremistas islâmicos.
Após esta derrota, em que dezenas de mercenários e soldados malianos foram mortos, segundo os secessionistas e os extremistas islâmicos, um porta-voz dos serviços de informações militares ucranianos, Andriy Yusov, insinuou que Kyiv tinha fornecido informações aos rebeldes para que estes pudessem levar a cabo o seu ataque.
As autoridades malianas acusaram Yusov de "confessar o envolvimento da Ucrânia num ataque cobarde, traiçoeiro e bárbaro", criticando Kyiv por "apoiar o terrorismo internacional".
O serviço diplomático ucraniano garantiu hoje que a Ucrânia "adere incondicionalmente às normas do direito internacional" e "rejeita firmemente as acusações do Governo de transição do Mali".
"É lamentável que o Governo de transição da República do Mali tenha decidido romper as relações diplomáticas com a Ucrânia sem proceder a uma análise aprofundada dos factos e das circunstâncias do incidente no norte do Mali", lê-se no comunicado do ministério ucraniano.
A Ucrânia "reserva-se o direito de tomar todas as medidas políticas e diplomáticas necessárias em resposta às ações hostis" das autoridades malianas, acrescenta.
Desde 2022, a junta militar do Mali rompeu com a França e os seus parceiros europeus, voltando-se para a Rússia em busca de apoio militar e político.
A batalha de Tinzaouatene, registada entre 25 e 27 de julho, resultou na derrota de uma unidade de militares e mercenários do grupo Wagner, que se confrontaram com os secessionistas tuaregues e com extremistas islâmicos aliados da Al-Qaida.
Wagner reconheceu a derrota e as baixas entre as suas fileiras, enquanto a Al-Qaida referiu a morte de 50 mercenários e 10 militares malianos, e os secessionistas calculam em 84 o número de mortos entre os membros russos do grupo.
Após a derrota, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, garantiu ao seu homólogo maliano, Abdoulaye Diop, que a Rússia ajudará o Mali a reforçar o seu exército.
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